Eu sou povo marinheiro
Sou sorriso de
criança
Sou sangue na
bandeira
Sou verde e sou
esperança
Sou desejo sem
vontade
Sou vontade sem
desejo
Sou poeta sem defesa
Sou amante sou um
beijo
Sou Luísa na calçada
Sou Monstrengo a
voar
Sou Agostinho na
lota
Sou um pescador no
mar
Sou Pessoa, sou Ary
Catarina na terra
dura
Sei que não vou por
aí
Sou facho a arder na
noite escura
Sou memória, sou
história
Sou mesa que não tem
pão
Sou mais uma mãe que
chora
Sou um fado canção
Sou revolta em braço
armado
Sou cravo no cano
negro
Sou ceifeira e
operário
Sou fila de
desemprego.
Mas sou palavra
Em peito aberto
Sou um mundo todo
inteiro
Sou livre
Não alimento
Os Vampiros do
dinheiro
Sou luta
Sou futuro
Sou um corpo que
avança
Sou o sonho colorido
Nos olhos de uma
criança
Sou Horta, sou
cantoneiro
Sou versos de uma
canção
Sou um grito
verdadeiro
Sou bater do coração
Sou professor
Sou varina
Sou emigrante de
além-mar
Trago na voz os
poetas
Sou Portugal a
cantar!