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quarta-feira, maio 28, 2008

O Amor é como o Titanic

O Amor é como o Titanic,
só não tem quatro chaminés.
Tem uma tripulação de românticos,
um comandante adormecido,
e dança até lhe doer os pés.

Faz a viagem inaugural

com pompa e circunstância.
Navega mares desconhecidos
Enfrenta nos gelos os perigos
Para encurtar a distância.

O Amor é mais caloroso,
nele não há nada gelado.
Marca rotas e destinos
Fala em casamentos e meninos
não consegue estar calado.


Também faz arder o fogo,
Que que lhe alimenta o motor
Se o majestoso Titanic
Não evitou ir a pique,
Que esperança tem o amor?






O velho morreu

O velho morreu na cama do hospital
cercado de luz e desinfectantes,
médicos, enfermeiras,
palhaços e estudantes.
O velho morreu ali sozinho
tinha o nome na pulseira
que estava presa ao seu pulsinho.
E com tanta tecnologia,
que por lá havia,
o velho morreu de qualquer maneira.

Talvez preferisse morrer ao sol,
cavando batatas como em criança
tendo à sua frente uma terra de esperança
em vez de jazer assim num lençol.
O lençol é branco e carimbado,
e o velho fazia
num vaso cromado,
fazia e doía... raios partam a idade.
E o velho dormia
a enganar a verdade,
pensou que a morte o tinha esquecido,
tal era o efeito no velho juizo.

Mas quando a viu passar,
o velho... fixou nela o olhar
e fisgou-a com um sorriso.

Doppler

aaaaaaaaaaaaaaaa

Orfeu

Orfeu que tocava lira
apaixonou-se por Eurídice,
que era uma menina gira
foi o que ele me disse.

A paixão é passageira
só o amor é eterno
Euridice arranjou maneira
de ir parar ao inferno


Orfeu foi lá buscá-la
tudo fez para o conseguir
O Hades ao entregá-la
Gritou-lhe: Hades cá vir!

Veja a história toda aqui

segunda-feira, maio 26, 2008

domingo, maio 25, 2008

Meu Portugal

Tinha na mão uma rosa encarnada
Olhos de marinheiro envelhecido
De quem muitas lutas tinha vencido
De quem fez da vida uma longa estrada

Tinha nos cabelos o vento Norte
Tinha a sua frente o mar infinito
rasgou o véu do céu com alto grito
tremeu o mundo todo ao brado forte

Já foi grande majestoso e bonito
Hoje é sombra do que já foi um dia
De todo o bom que foi só sobra o mal

Deserto, estéril, pobre e maldito
um triste monstro em longa agonia
que fizeram de ti, meu Portugal?



sexta-feira, maio 23, 2008

Canção de embalar




Eu canto para que durmas pequenina
Eu canto para ti esta canção
olho esse rosto que me ensina
a ver a vida com o coração.

Canto para que a noite seja boa
canto baixinho para te acalmar
Toda esta paz e este silêncio
são uma melodia de embalar

Canto quando lá fora chove
Canto para ti com alegria
Quando os teus olhos se fecham
abrem portas ao sonho do novo dia

Agora que tu dormes em sossego
Eu vou saíndo de mansinho,
Deixo-te no teu aconchego,
e vou eu dormir no meu cantinho...

terça-feira, maio 20, 2008

Já não sei a que sabe a lua

Já não sei a que sabe a Lua,
lembro-me vagamente de a ter provado,
num olhar embevecido que trocámos no teu carro.
Lembro-me claramente que sabia
a qualquer coisa que eu conhecia,
qualquer coisa amarela,
ou castanha talvez fosse
era canela?
talvez fosse arroz doce...
Mas lembro-me de sentir que era molhado,
o gosto que da Lua em ti eu tinha provado,
vês como o tempo já passou?
Como pode alguém esquecer a que sabe a Lua?
Mas eu esqueci... e a culpa, é tua!

Placebo

Para uma doença que se não tem,
a melhor cura é o medicamento que não cura nada.

Vertigem

Ainda ontem caí aqui
de um balão,
Caí da Lua,
bati no chão,
fiz um poema,
uma criança,
uma menina,
para o seu irmão.

Caí de pé,
como um pinheiro,
eu não sou rico
não tenho dinheiro,
mas tenho vida,
um coração,
tenho sonhos novos,
fechados na mão.

Tenho um país
ao qual pertenço,
tenho ideias,
sei o que penso,
mas não consigo
é ser feliz,
fecho os olhos,
ao que se diz.

Busco o silêncio
na rua escura,
faço de conta,
vivo a loucura.
Pelas esquinas
passo apressado,
vejo as meninas,
fico excitado.


De coxas fartas,
cinturas finas,
meias de renda,
mostram maminhas,
estou a ficar velho,
vai-se o tesão,
e ainda ontem,
vivia a paixão

Passa-se o tempo
os anos me atingem,
caio de novo,
nesta vertigem,
Depois da Lua,
de onde vim,
vou cair na rua,
quando for o fim. 


Alexandre de Oliveira (Na Queda de Cyrano) 

sexta-feira, maio 16, 2008

A Chama

Quem acendeu a vela que trazias,
que te iluminava o olhar
e te fazia sorrir perante a vida?

Quem te deu essa chama,
que aquece quem te conhece,
e encheu os teus filhos de vida?

Quem te deixou usar a chama,
te convenceu que era tua
que te deixou partilhá-la?

E num momento sem sentido
a tomou de volta
e decidiu apagá-la?

O único conforto que tens,
agora que não tens chama,
é sentir o calor dela,
em toda a gente que te ama...

domingo, maio 11, 2008

Areal



Chega-te a mim com a tua boca
chega-te a mim com o teu sorriso
chega-te a mim,
eu não quero, mas preciso.

Preciso de ti, do teu olhar,
do sorriso desses lábios,
e do profundo do teu mar.

Foge de mim menina,
corre pelos campos fora,
foge da loucura do momento
e do desejo que nos devora.

Se te entregas em meus braços,
se me sacias de beijos,
acrescenta-se o fermento
que nos activa os ensejos.

Menina no areal,
vais brincando vais correndo,
e eu olhando-te de longe,
sinto a ternura crescendo!

O jogo das damas

Preto e branco
lado a lado
num tabuleiro deitado

mexe foge
mexe foge
mexe foge até mais não

comer... deixar-se comer
tempo, pausa,
decisão

come uma
come outra
vai andando até ao fim

mas só se faz uma dama
com outra em cima de mim.

quinta-feira, maio 08, 2008

Receita para uma sopa de peixe (picante)

Não se esqueça de sair cedo.
Pesque o peixe,compre a massa,
o tomate, a cebola, o tomilho,
uns pézinhos de salsa,
louro sem pau que o pau faz mal ao coração,
uma pitadinha de salva,
coentros e açafrão.
Coloque tudo numa panela,
se não tiver tacho,
ter tacho é sempre preferível,
pelo menos eu acho.
Quando o peixe estiver de barriga
vire-o ao contrário,
examine-lhe bem os olhos,
a boca, se tem aspecto ordinário,
e por fim o rabo, que nestes belos animais
se chamam "barbatanas caudais"
verifique o vermelho das guelras,
não se esqueça do picante --- Nota, isto é importante!!

Coloque tudo a ferver a começar pela cebola,
mas antes disso deite:
no fundo do tacho um fio de azeite,
Agora sim a cebola.
Espere que fique loura,
ponha a folhinha de louro,
pra lhe fazer companhia,
Ahh! E um dente de alho,
quase que já me esquecia.
Espere que refogue, se for do sul,
ou que estruja o estrujido,
palavra mais forte,usada no norte.
E quando estiver tudo lourinho,
pegue no picante e ponha um bocadinho --- Nota, isto é importante!

Ponha a cenoura e os tomates,
e um raminho de coentrão,
é que ao contrario de outros pratos,
aqui os tomates entram... (pausa drámatica)

Na refogada tomatada,
ponha os lombos da pescada,
Mas se a pesca foi do baril,
use antes. que fica melhor,
uns cubinhos de tamboril.
Ponha um pouco de vinho,
sal a gosto e especiarias,
Esprema a velha aguardente,
das garrafas meio vazias,
Espere que a fervura levante...
Quando estiver bem fervido
ponha um pouco de picante --- Nota, isto é importante!

Sirva tudo bem quentinho,
em prato fundo e com colher,
um garrafa de vinho,
e uma bonita mulher.
Coma sem fazer barulho,
tente não salpicar tudo,
Se não tiver mais conversa,
lance aquele olhar mudo!
À sobremesa morangos, acompanhados de espumante.
E no resto da noite ponha um pouco de picante --- Nota, isto é que é importante!

quarta-feira, maio 07, 2008

O Desejo

Ela disse-me: O teu desejo...
Mas não me disse qual era,
desejo a paz no mundo,
um belo dia de sol,
ter o jantar à minha espera.
Desejo ver Portugal
com titulo de campeão,
desejo ter um bom futuro
jogar nos concursos todos
e ganhar um dinheirão.
Desejo esquecer-me do mau,
desejo lembrar-me do bom,
Ser lembrados pelos amigos
Desejo saber dançar
E cantar sem saír do tom.
Desejo que todos se animem
Desejo que todos se amem,
Desejo que sejam felizes.
Desejo que a Triumph
continue a surpreender
Com a escolha das actrizes.
Mas qual seria o desejo
por trás de tão aventureira,
insinuante, atrevida e provocante
pergunta que eu lhe fiz:
"A sopa de peixe estava picante"?
E chegou-lhe a mostarda ao nariz.

domingo, maio 04, 2008

A minha canção da primavera

Doce rasgo nessa carne a que pertenço
Como um rio desaguo no teu mar
O passado não é mais que uma história
Que um dia os poetas vão cantar

Lábios, asas, a soprar sobre as colinas
Ventos quentes num país de liberdade
O sol rasga pelas frestas das cortinas
Pinceladas de amor e de verdade

E lá fora há o riso das crianças
Flores do campo em silvestre animação
Ancorado neste teu porto de abrigo
Sou maestro, sou batuta, sou canção

E na pauta dançam notas e poemas
Olhos doces vertem mel de mansinho
As nuvens enchem os rios e as represas
A Primavera ensina a todos o caminho.

sábado, maio 03, 2008

Adão e Eva

Adão e Eva eram dois
Ele era moreno e ela loira.
Tinham pouca roupa que não compravam em lojas de marca.
Adão ia trabalhar todas as manhãs numa mercearia,
mas o patrão não o deixava aproximar das maçãs
com medo que ele se engasgasse.
Eva ia à manicure que tinha uma serpente como bicho de estimação.
Um dia a serpente subiu-lhe por entre a folhagem e encheu Eva de veneno.
À noitinha, depois da sopa, Eva serviu-lhe uma gelatina de maçã
e Adão ficou com o caroço entalado.
E, a partir daí, passou a usar gravata para ninguém notar.