Páginas

quinta-feira, setembro 04, 2014

Não faz sentido semear a flor para a cobrir de terra!

Estas flores que a vida semeia nos nossos corações,
estes anjos que nos ensinam a amar depressa,
amar sempre, a cada instante, amar o momento e a vida,
a não fazer planos... e a amar o futuro.
Ah... partiu-se dentro de mim o cristal puro que definia criança
Ah... nasceu em mim a revolta a inconformidade sem esperança
Não faz sentido semear a flor para a cobrir de terra!
Por mais que acredite, por mais que tente... não faz sentido.
Ah... mas a magia das fadas, pega nestes sorrisos, nesta força,
nestes exemplos de vida... faz estrelas novas no firmamento.
É nesta certeza que o amor é eterno que vos sinto brilhar como estrelas,
no segredo da noite no meu coração...
E durante o dia, mesmo sem as ver, sei que estão sempre aqui!

Uma flor regada com lágrimas
é uma estrela que brilha para sempre
dentro do nosso coração!

quinta-feira, julho 31, 2014

Sobre a solidão!




"
eu nunca estou só, estou sempre comigo !!" (Dina Santos)

A inquietação que esta frase de Dina Santos causou em mim obrigou-me a escrever. Para mim a solidão é das mais terríveis das doenças, causa a pior das mortes - o esquecimento - e traz-nos o inferno em vida.  
Acredito que existem três tipos de solidão: o sozinho no meu quarto, o sozinho na praia e o sozinho na multidão. Apesar de eu estar sempre lá, nos três casos, estamos realmente sem companhia.
O sozinho no meu quarto é terrível, significa que o meu lar está ocupado apenas por mim quando desejava os precisava de companhia.
O sozinho à beira mar é excelente, escolhi fugir de tudo e de todos para estar comigo no silêncio profundo da meditação.
O sozinho entre a multidão é o só de António Nobre, a mais inútil forma de viver, é o estar com toda a gente e não sentir irmandade com ninguém.
Esta frase, Dina Santos, fala de um só voluntário, consciente e meditativo.
Fundamental para a nossa felicidade é aceitar a nossa própria presença com amor e respeito. Os que valerem a pena quererão partilhar a nossa companhia.Buscar companhia não é o caminho. Como diz o meu velho mestre, Savinien, citando a filosofia ZEN: "Não caces borboletas, cuida bem do teu jardim"!

domingo, julho 20, 2014

A Loja do Sr. Fausto

A Loja do Sr. Fauso (in Público)
E de repente, assim sem contar, recordo o cheiro do café moído de fresco da loja do Sr. Fausto. Eu era miúdo e levado pela mão da minha mãe íamos lá comprar a mistura de café. Eu, em silêncio, esperava aquele pacotinho azul de abas dobradas para dentro onde vinham 100g de línguas de gato - era dia de festa quando as comprava.
Passei-lhe à porta - que ficava a meio caminho entre a minha casa e a Escola Primária nº 44 - duas vezes por dia de segunda a Sábado, durante quatro anos. Ele continua na mesma: alto, cabelo puxado para trás, mas bem mais branco... usa óculos que não tinha... e assim como quem não quer a coisa faço umas contas rápidas: devo ter entrado naquela casa, pela última vez há cerca de 36 anos, mas ainda lhe sinto o cheiro.
Tenho a lágrima ao canto do olho, um aperto de saudade no coração, mas estou feliz... porque permanece em mim esse tempo de menino com mãe... e a saudade é um sentimento lindo: será a derradeira forma de te amar!

sexta-feira, julho 11, 2014

Concerto sem intervalo (a Margarida Moser)


















(Picture from here)


Há melodia que invade
no movimento contínuo
de um arco
que sobre as cordas passeia
subindo e descendo
da esquerda para a direita.
Há música na pele, no papel
no metal, na madeira,
na crina de cavalo.
Há música, poema, melodia
toda inteira,
num concerto sem intervalo.
Há uma mulher que vibra
corda de mil arpejos
Há uma mulher que ensina
constrói sonhos e desejos.
E na melodia tocada,
quase em jeito de oração,
fica a memória gravada,
num instante para sempre
no nosso coração!

sexta-feira, julho 04, 2014

Estrelícia (a Vera de Sousa)

 

Estrela, luz, firmamento,
universo de sonhos cheio,
biologia, zoologia,
botânica, Estudo do Meio.
Uma frase, uma rima,
dois versos e um poema,
uma língua que se ensina,
numa redação com tema.
Contas do dia a dia:
o trabalho dividido,
o amor multiplicado,
o tempo subtraído,
o conhecimento somado.
Matemática, Português,
um dia de saber cheio,
repetir tudo outra vez,
e depois: brincar no recreio!

"Sê poeta, criativo,
sê um escritor, um artista,
copiar não faz sentido,
não queiras ser um copista!"

Muitos alunos te ouviram,
e de tudo o que aprenderam,
fizeram-se gente valorosa
e nunca de ti se esqueceram.

Doce flor da Madeira,
Ave do paraíso,
Professora a vida inteira,
Entre o choro e o riso.

Vera de Verdade
És parte de todos nós
Numa vaga de saudade,
partiste...
ficámos sós.

Há no entanto a força,
que sempre mostraste ter,
Mulher, luta, intensa,
resiste até poder.
Há uma lágrima caída
Na folha que estou a escrever,
Há mais uma estrela no céu,
que eu nunca vou esquecer.
Colega, mestre, amiga,
Pedagoga de eleição,
A tua história de vida
é derradeira lição.
Uma flor da Madeira,
de beleza singular,
uma vida toda inteira,
a aprender e a ensinar.
Os filhos que tu tiveste
guiaste-os pela tua mão
pelo caminho mais curto
que vai direito ao coração.

Celebremos a magia,
da mulher que não se esquece,
com um sorriso de alegria
em cada estrelícia
que floresce!

Alexandre de Oliveira (3 Jul 2014)

quinta-feira, março 27, 2014

sábado, março 08, 2014

Dia da Mulher - 2014

O Dia Internacional da Mulher recorda a luta das mulheres por uma vida digna, socialmente reconhecida e com os seus direitos fundamentais devidamente respeitados. Recorda o dia em que, no ano de 1857, cento e trinta operárias morreram queimadas numa fábrica durante um protesto por melhores condições de trabalho. Era exigido às mulheres um horário diário de 16 horas e era-lhes pago cerca de um terço do que era pago aos homens pelo mesmo trabalho. Elas pediam a redução para 10 horas diárias. Para que esse dia e essa luta não sejam esquecidos continuamos a celebrar nesta data a condição feminina e os direitos conquistados pelas mulheres. Hoje, mais que nunca, é importante que não nos esqueçamos de como era e do que foi conquistado para que o passado não nos seja de novo imposto como querem os senhores das grandes finanças.

Recordo o belo poema "Mulher" de André Carvalho:

Mulher

Mulher é um substantivo
que resiste às tempestades
que é feminino e altivo
e tão dado a liberdades
como ao amor mais cativo;
É uma linha num esboço
que curva no pescoço,
que se debruça nos seios
a mirar olhos alheios
e depois desenha o torso
perdido em devaneios
e novos rotundos enleios.
Mulher é água no deserto
que deixa os rapazes cheios
de sedes e de anseios;
é um lugar longe mas perto
onde uma cabeça pode
descansar sem receios.
Mulher é sextina, é ode
é quadra popular, é soneto
é uma canção tocada
por um jovem no coreto.
Mulher rainha por um dia
por toda a vida coroada:
quem a vê e quem a via
é cantada, celebrada
é pouco menos que nada
e um pouco mais que tudo,
é um vislumbre desnudo
num robe de seda pura.
Mulher é o querer, é o vício
é a resposta, é a cura,
é um momento propício
à beira dum precipício.
Mulher é uma aventura
uma guerreira e uma mãe
é um gesto de ternura,
é o porquê e o quem
e ao cair a noite escura
é uma mulher também.

                         André Carvalho



domingo, fevereiro 02, 2014

Um conto sobre sacrifício individual por amor aos outros.



Conta uma antiga lenda Maori, da Nova Zelândia, que certo dia o pai de todas as árvores “Tane ma huta” começou a ficar preocupado com as suas filhas, pois estavam a definhar e morrer, pois os vermes da terra atacavam-lhe as raízes.

Preocupado, foi falar com o seu irmão “Tane hoka hoka” o pai de todas as aves e explicou que se não se resolvesse o problema em breve as árvores morreriam todas, e no solo despido as aves do céu com as suas coloridas asas e o seu espírito alegre e livre, também não teriam condições de sobreviver. Era, portanto preciso que alguma ave ajudasse a resolver o problema.

O pai de todas as aves falou. Explicou a situação e perguntou:
- Pássaro Tui, aceitas a tarefa de comer os vermes da terra, abdicando do céu para que todas as árvores e todos pássaros possam sobrevier?

O Pássaro Tui olhou para o fundo da floresta, onde os raios de sol mal penetravam e viu o chão húmido e frio onde teria de viver para sempre, e tremeu. Não respondeu e foi-se esconder!

Perguntou então à Garça Pukeko :
- Aceitas tu ir viver para o chão da floresta?
- Não quero molhar os pés! – Respondeu a garça.

Virou-se então para, Pipi whar auroa, o Cuco, mas estes respondeu:

- Agora não posso, vou fazer um ninho para mim e para a minha família na árvore mais bonita da floresta.

O Pai de todas as aves, ficou triste, pois sabia que em breve não sobraria nenhuma árvore onde os seus filhos pudessem fazer ninhos.

O Pássaro Kiwi, disse:

- Eu vou!

O Pai de todos os pássaros disse-lhe:
- Kiwi, tu o pássaro mais alegre, com as penas mais bonitas e o voo mais encantador? Percebes que se fores vais perder as asas, ganhar pernas toscas e robustas para revolver os troncos mortos. Perder esse bico maravilhoso que te faz cantar tão bem e em troca ficar com um bico forte e grosso para perfurar as cascas das árvores para ir buscar as larvas e os vermes, e no escuro da floresta perderás todas as tuas cores, e nunca mais voarás ou verás mais do sol que alguns raios que atravessem os ramos das árvores?

O Kiwi olhou em volta, despediu-se do céu aberto, da brisa que vinha do mar, e da luz do sol e disse:

- Eu vou.
O pai de todos os pássaros ficou muito feliz por resolver o problema, mas triste por perder a ave mais bonita dos céus. E num acto de raiva castigou o Tui que fugiu, e desde aí o Tui vive escondido da vista de todos. Castigou a garça, que não queria molhar os pés a alimentar-se nos pântanos. E castigou o cuco, que ia fazer o ninho, de modo a que nunca mais nenhum cuco fez ninho, e ainda hoje andam a por os ovos nos ninhos dos outros.

E para que o gesto do kiwi nunca mais fosse esquecido, contou esta história aos homens para que a contassem aos filhos e netos. É por isso que ainda hoje na nova Zelândia o Kiwi é amado por todos, e o seu gesto de abnegação por amor a todos ainda é recordado aos mais novos!

quarta-feira, janeiro 15, 2014

Era uma vez.. o mar.

Conta-se que, há muito tempo, um homem que tinha muitas piscinas nunca tinha visto o mar. Um dia passeou o homem até uma praia e fascinou-se com a imensidão do oceano. Mergulhou nas suas águas, sentiu na pele o sal, embalou-se nas suas ondas, divertiu-se com os seus peixes. Gostou tanto do que experimentou que decidiu que havia de o ter para si, fez uma grande piscina onde colocou a água do mar, mas sem peixes, sem algas e sem sal.