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quarta-feira, novembro 28, 2012

Fui ver a chuva

Fui ver a chuva
molhava a chão
saltitando no asfalto
correndo nos interstícios
das pedras da calçada. 

Fui ver a chuva 
brincando à noite
sob a luz branca dos candeeiros
e fazendo riachos 
nas veredas da estrada. 

E a chuva, gota a gota,
trouxe-me à memória
esse mar que és tu. 
Esse mar de desejo
turvado e impreciso
onde respinga alegremente 
a lágrima do teu sorriso! 



domingo, novembro 11, 2012

Melodia

Adoro quando os teus olhos fitam
os teus lábios vibram
os teus dedos tocam

Adoro o cheiro da tua pele
cheiro do teu mel
cheiro do teu sorriso
pleno sentir que me turva o juízo
e me faz dançar ao vento nu,
adoro a música que és tu!

Adoro o cúmplice do teu abraço
que ontem ficou por dar
aninhar-me no teu regaço
e no teu sopro ouvir o mar. 

Adoro a roupa que tu vestes
queria tirar-ta para mim
ser pauta, ser teu maestro, 
nesse concerto sem fim.  

Passado todo o presente
é pelo futuro por que luto.
Silenciosa melodia
que adoro quando escuto! 



 
        
 

terça-feira, novembro 06, 2012

A Onda


Todos a sabemos forte
Decidida
Devastadora

Todos a sabemos livre
Persistente
Destruidora

Mas a sua vontade não é sua
é somente o resultado
das muitas pequenas vontades
das gotas que a constituem.




segunda-feira, novembro 05, 2012

A Fotografia dos Zombies


Estavam à mesa sentados
dezassete eram eles
caindo aos pedaços
cabelos, ossos e peles.

Estavam à mesa sentados
com pratos de comida
O Cris não tinha um braço
A Alice tinha acabado
Ana sorria para a fotografia
Daniel estava na sopa
A Inês rasgou a roupa
A Bia quase se escondia
Quem tirou a fotografia?

A Inês olhou de lado
ficou bem o Folgado,
Há um Miguel que é Pereira
Outro que é Castanheira
Ficou uma foto "à maneira"!

Lá ao fundo ao cantinho
vemos a Rita Moutinho
A Raquel também se vê
Está ali a Daniela
E a Ana Rita está
Sentada à frente dela.
O Rodrigo de vampiro
Com uma camisola velha
E o Manuel com a boca
Aberta de orelha a orelha.

A fechar a mesa estava
o Barbeiro que ninguém queria
Se não tivesse aparecido
era melhor a fotografia!

domingo, novembro 04, 2012

A menina da flores

 


Porque não fazes umas flores?

Umas flores como?

Assim...

Não escrevas aí...
Escreve antes neste recorte.

Assim, vês... umas flores.

Deixa ver, não têm caules!

Faz tu!

Vou fazer uma menina!
As flores bonitas
precisam de meninas
para as verem!

Achas?

Vou por o meu nome no balão!  

sábado, novembro 03, 2012

Hoje ser quem sou


Pudesse hoje ser quem sou
sem ter perdido o menino que fui.
O menino que acreditava,
que sonhava,
que construía
que se deitava na relva
e ao ver as nuvens mexer
voava entre elas
o menino que quando se levantava
tinha o mundo a seus pés.
Pudesse hoje ser quem sou
sem ter esquecido o menino que fui.
Há já tanta coisa que não me lembro.
Possa eu hoje ser quem sou
acreditando que amanhã
serei ainda o menino que sempre fui.