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sexta-feira, julho 10, 2015

O Príncipe do Mar Cantou (para Isabel Lopes)

Fiz um conto para me embalar

Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.

Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhuma soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.

                   Natália Correia

Não há tempo para quem ama
Não há amor menor
À amizade se chama
A mais pura forma de AMOR

Cresceste rosa bonita
De menina a mulher
Celebra em cada dia 
A Magia de viver

Mas como em pequenina
Conta histórias de embalar
Ouvindo o canto bonito
Do belo Príncipe do Mar

Tu, jovem donzela,
como laranja no pomar
És inspiração mais bela
ao príncipe no seu cantar

Um dia, sem que tu esperes, 
Num Verão ensolarado
Encontrarás aos teus pés
Um Príncipe Enamorado

E com esse teu sorriso
Que tudo faz iluminar 
Vais ouvir essa cantiga
Do teu Príncipe do Mar 



Feliz aniversário, Isabel! 

do teu sempre admirador e amigo, 

Alexandre 


terça-feira, julho 07, 2015

Era feliz e não sabia

Belíssima foto do meu primo João Caetano. Ao olhá-la regresso num momento a um passado sempre presente na zona do pinho da Beira Baixa. Essa terra maravilhosa de azeite e rezina, de gente de trabalho, de sacrifício, mas também de alegria e fraternidade. Cheira-me na pele os caminhos, o pó e o xisto, as uvas morangueiras brancas a saber a fumo-do-comboio, cheira-me a azeite em cru no caldo verde de batata migada e o peixe de rio bem frito em molho de cebolada a saber a picante.
Lembro-me de, em pequeno, jantar à luz do petromax que impregnava a ceia de aromas diferentes e de ir dormir aconchegado pela minha mãe que soprava o pavio do candeeiro a petróleo.
Lembro-me das azeitonas pretas das oliveiras, e das caganitas de cabra que - para menino da cidade - eram muito parecidas.
Lembro-me de ouvir a minha avó Maria a chamar as cabras: Moucha, Chibaneca e Marmeleda... E o meu avô Artur, sisudo, trazendo um regador carregado de figos...
Belos tempos de menino no Casal da Ribeira em que, como diz Drummond de Andrade, eu era feliz e não sabia!