quinta-feira, janeiro 24, 2019
Desprendo-me
Desprendo-me de ti
como uma gota de orvalho
que nas manhãs cálidas de Primavera
cessa a sua existência
Num último passeio
pelo teu corpo
nascido nos teus olhos
sou brilho e inocência
Deslizo suavemente
nos cantos da tua boca
pelo teu pescoço
sem urgência
Depois, atrevido, passeio
inquieto e gaiato
na curva lisa do teu seio
ah... impaciência
Fugindo
na esquina dos rins
Sou tentação
que imprudência.
Ah... por montes
e vales secretos
Eu me passeio
com a tua conivência
Das coxas para os joelhos
Das pernas para os pés
Sou gota que perde
Eficiência
E no fim, já cansado
vejo surgir nos teus olhos
uma outra gota
com a mesma transparência
Há agora no chão molhado
O que resta da fragrância
Há quem lhe chame amor
Eu chamo-lhe: resiliência!
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