D. Elvira partiu. Apesar de ser inevitável, era um cenário que eu não previa de todo, tinha 90 anos de amor e vida e parecia que duraria para sempre. Uma vida dedicada ao serviço, à comunidade e à fé. Amava o que fazia e no serviço era testemunha de fé. A Igreja da Ramada nunca mais será a mesma. Dizem que ninguém é insubstituível, mas a D. Elvira é única e será recordada por todos os que a conhecemos... para sempre!
Tive o privilégio de conhecer esta linda senhora há 39 anos. Vi-a pela primeira vez no Centro Paroquial da Amoreira, arranjava com carinho e bom gosto umas flores numa jarra para colocar no altar... e desde esse dia passou a fazer parte da minha vida.
Já muito depois de eu ter passado o meio século ela ainda me chamava "o meu menino" e para ela seremos sempre "os nossos jovens". Creio que já não há mais ninguém que me chame menino...
Acredito-a feliz, numa dimensão espiritual plena, a continuar a ser quem sempre foi. Há de continuar a acordar cedo, há de continuar a escolher as flores mais bonitas e as toalhas mais brancas e manterá os anjos e os santos alinhadinhos e bem comportados durante as celebrações. Nunca o céu esteve tão asseado e bonito como agora vai ficar.
Abre-se-me no peito um buraco sem fundo que começa a encher-se de saudade. A D. Elvira já era Igreja da Ramada, ainda a Ramada não tinha Igreja. A partir de hoje há um vazio enorme que ninguém conseguirá preencher...