SONETO DE FIDELIDADE (Vinicius de Morais)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Terrivelmente verdadeiro este soneto de Vinicius. O primeiro encanto, esse momento mágico em que tudo á nossa volta se apaga e tudo o que existiu antes já não tem qualquer significado. Depois, mesmo sem saber, tomar consciência que o AMOR é TEMPO, o tempo que se oferece ao outro, as palavras trocadas, os carinhos, a atenção e o silêncio do olhar. O tempo em que cada momento É. Mais nada, simplesmente É. Porque ao contrario dos outros momentos todos, que não são, o momento de amar é vida. Entrego-me então sem limites, entrego-me então até ao fim... quando bebo as palavras, os olhares, quando me deixo inundar por novos gostos, novos cheiros, quando o silêncio geme um sentir em segredo único e irrepetivel. O momento em que nos entregamos um ao outro, o momento em que nos misturamos os dois num só, em que a vida tem sentido, em que os Deuses nos invejam por sermos nesse instante mais divinos que eles. Ah, energia louca, que se bebe lentamente dos cantos da tua boca. Ah, calor imenso, que paraliza no sentimento a razão com que normalmento penso. Ah, sensação de viver, que num momento só ultrapassa até o prazer. Ah, acelarado coração, que perde um batimento na doce loucura da paixão! Ah, mas porque é que tem de ser assim, viver tão intensamnente e depois morrer no fim?
Morre só quem amou. A solidão é o despojo esquecido, abandonado, e talvez merecido de quem viveu em paixão. A solidão é o fim de quem ama... Vingança de Deuses invejosos, bruxas desiludidas, a separação de tudo, dos sonhos, dos corpos e das vidas.
Resta a consolação maior, que só a posso ter porque me lembro: Que seja infinito enquanto dure.
1 comentário:
O amor é algo maior do que nós, algo que nos envolve e nos transporta, que nos ensina e nos completa. Pensamos muitas vezes que é demasiado efémero, que nos magoa ou atraiçoa com demasiada facilidade e que aquilo que nos parece tão intenso e perfeito só pode ser fugaz. Isto acontece porque queremos sempre mais, porque não sabemos o que queremos ou pior, porque achamos que não merecemos mais e melhor.
A morte por sua vez é das poucas coisas que todos temos como certas desde o momento que abrimos os olhos para o mundo, no entanto, custa-nos pensar que ela nos priva do contacto com aqueles de quem gostamos, nos impede de continuar a viver e a aprender cada vez mais.
O meu lema é levar um dia de cada vez e aproveitar ao máximo cada minuto.
Amem, sejam felizes e se possível façam os outros felizes também.
Bjs
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