segunda-feira, novembro 30, 2009
Diz (uma oração no silêncio)
Foto de João Pedro Sousa
Escuta, já é só silêncio
E está frio aqui.
Escuta, há um espaço imenso
Onde antes estavas tu
E eu nem notava o quanto ele ocupava.
Escuta, está cada vez mais frio
Aqui, onde o silêncio invade
Tudo e o preenche de nada.
Agora fala, diz uma palavra
Para que eu entenda.
Para que acredite.
Para que aprenda.
Rasga de uma vez este muro
frio, esta pedra que nos separa
de forma tão crua
quanto definitiva.
Faz do silêncio a esperança
que a realidade me nega
e diz que tudo tem sentido.
Diz, diz tu, que eu não consigo!
Alexandre
quinta-feira, novembro 26, 2009
Mumúrios
"Whisper" by Maria Hathaway Spencer
Primeiro a consciência plena de mim,
O primeiro passo é sempre
O começo do fim.
Depois o silêncio, a calma profunda,
O esquecer a vida.
E, então, rasgando a vontade
Como uma ave que mergulha no azul do mar,
O desejo que, inexoravelmente, se deixa afogar.
Saltam da memória texturas, aromas,
Santinhas pintadas de azul,
Desfiar de credos e orações.
Depois, ganham ritmo obscenidades,
Insultos, palavrões…
Vagas imensas, penedos rijos,
Espumas frementes.
Línguas, lábios, dedos,
Cabelos mordidos,
Esmagados nos dentes.
E depois Hiroxima, Nagasaki,
Balões de S. João pela noite a voar,
Fogo de artificio no parque,
Sétimo céu, o sétimo sou eu:
E já nada te impede de gritar!
Uma pausa, e o titã adormecido,
Jaz na praia estendido,
Incapaz de articular,
E seus olhos, são prata, são ouro, mercúrio,
E o silêncio se gasta,
No inteligir dum murmúrio.
Alexandre
segunda-feira, novembro 16, 2009
O Silêncio
Por mais que me digam
Que é Natural,
Que faz parte da vida,
A verdade é que,
Quando alguém parte,
Fica um silêncio medonho.
Que é Natural,
Que faz parte da vida,
A verdade é que,
Quando alguém parte,
Fica um silêncio medonho.
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