Cresci a ver teatro, aprendi
fazendo teatro, ensino a fazer teatro. Tive o privilégio de me ter sido
apresentado o projecto do Centro Cultural da Malaposta (CCM) em 1988, numa
reunião da Amascultura com os grupos de Teatro Amador dos concelhos de Loures a
que pertencíamos, Amadora, Vila Franca de Xira e Sobral de Monte Agraço.
O CCM
nascia para lutar contra a alienação cultural que resultava da massiva
distribuição de produtos de baixo conteúdo formal e ideológico. Fixando
residência naquele espaço, o projecto envolvia as escolas secundárias dos quatro concelhos, bem
como as associações culturais e os grupos de teatro amador e fomentava a ligação
das populações locais a um espaço de criação e divulgação de cultura.
Este
espaço, com este objectivo, é hoje tão ou mais necessário que em 1988. A saúde,
a educação e a cultura são o investimento público fundamental de uma sociedade
e o seu retorno não é financeiro porque não tem preço! É o nosso património, é
a génese da nossa identidade, é o que nos define e faz de nós quem somos!
É com
carinho e encanto que olho para aquele edifício onde inúmeras vezes entrei como
espectador, mas onde também estive, como aluno, como professor, como actor e
como encenador. Gostava que os meus filhos se identificassem com ele como eu me
identifico! Não foi a população de Odivelas que voltou costas ao CCM, foi a
Municipália que se esqueceu da razão de ser daquele centro e fechou as portas
às associações, aos grupos de teatro amador e à população em geral.
A cultura
faz-se em todo o lado: na rua, nos bairros, nos cafés, nas escolas, nas associações,
na SMO ou na Casa da Juventude, mas o CCM é o polo centralizador onde os
agentes culturais do Município e da Área Metropolitana de Lisboa se encontram –
e isso não se pode perder!
Alexandre de Oliveira
(ON - Odivelas Notícias, 30 de Junho de 2016)
(ON - Odivelas Notícias, 30 de Junho de 2016)
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