Desenha-me um beijo numa folha vazia
Desenha-me um beijo
Desenha-me um beijo carinho
Que saúda suave o nascer do dia
Desenha-me um beijo
Desenha-me um beijo gaiato
Brincando na rua, brincando no quarto
Em infantil alegria
Desenha-me um beijo
Desenha-me um beijo paixão
Num bailado louco, agitando o corpo
Num ritmo frenético num enlace de mão
De ousada euforia
Desenha-me um beijo
Desenha-me um beijo verdade
O beijo por dar, por aceitar
Num corpo ausente onde mora a saudade
Na luz que esfria
Desenha-me um beijo
sexta-feira, dezembro 13, 2019
sábado, outubro 19, 2019
Quando
Quando...
Vou meter.me contigo!
Quando?
Vou ser ser teu amigo!
Quando?
Vou oferecer-te uma flor!
Quando?
Vou falar-te de amor!
Quando?
Quando?
Vou morar contigo!
Quando?
Vou ficar para sempre contigo!
Quando?
...
Tu vais cumprir as tuas promessas!
Quando?
sábado, agosto 17, 2019
Apeteceste-me
Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem
oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no
estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo
devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter
por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus
dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda
mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de
ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido
que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos
deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me
matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto
e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje
apeteceste-me tanto tanto!
quinta-feira, agosto 08, 2019
Dia mundial do Gato - três gatos que me encheram de vida.
Neste dia mundial do gato a homenagem a três gatos que me marcaram a vida.
Eu devia ter cerca de 6 anos quando a minha mãe entrou em casa com um gato bebé lindo, magrinho que Deus o dava. Ele estava debaixo de um carro, faminto e abandonado, minha mãe levou-o para casa. Era tão magro e fraquito que o meu pai lhe pôs o nome de Fuinha, vou o meu primeiro amigo silencioso, com uns olhos verdes enormes e um paciência notável para me aturar. O Fuinha esteve connosco cerca de quatro anos, mas por essa altura começaram os problemas com o senhorio e os meus pais tiverem de se desfazer do gato, para tristeza de todos. Foi levado por um amigo para uma quinta no Algarve, o Algarve era tão longe e inacessível para mim como a Nova Zelândia. Muito mais tarde fui ao Algarve pela primeira vez, dentro d emim a saudade era tão grande que cada gato listrado que eu via pensava se seria ele... Sonho que teve uma vida longa e feliz e que tem um prole vasta que ainda hoje faz companhia a outras crianças por terras algarvias.
Eu devia ter cerca de 6 anos quando a minha mãe entrou em casa com um gato bebé lindo, magrinho que Deus o dava. Ele estava debaixo de um carro, faminto e abandonado, minha mãe levou-o para casa. Era tão magro e fraquito que o meu pai lhe pôs o nome de Fuinha, vou o meu primeiro amigo silencioso, com uns olhos verdes enormes e um paciência notável para me aturar. O Fuinha esteve connosco cerca de quatro anos, mas por essa altura começaram os problemas com o senhorio e os meus pais tiverem de se desfazer do gato, para tristeza de todos. Foi levado por um amigo para uma quinta no Algarve, o Algarve era tão longe e inacessível para mim como a Nova Zelândia. Muito mais tarde fui ao Algarve pela primeira vez, dentro d emim a saudade era tão grande que cada gato listrado que eu via pensava se seria ele... Sonho que teve uma vida longa e feliz e que tem um prole vasta que ainda hoje faz companhia a outras crianças por terras algarvias.
Decorria o ano de 2000, era Junho, e Portugal disputava em casa o campeonato da Europa de Futebol, no relvado Figo fazia as delicias dos adeptos. Portugal, contra todas as probabilidades ficava em primeiro do grupo, seguido da Roménia afastando dos quartos de final as poderosas seleções da Inglaterra e da Alemanha. Na rua uma ninhada de gatos, alheios a isto tudo, tinha nascido no dia dos meus anos., no dia mundial da criança. Eram seis, cada um com um padrão diferente, a minha mãe foi-se apaixonando por um deles. Um gatito malhado, com barba à Errol Flynn, e a elegância própria dos felinos de alta linhagem. Era um senhor vagabundo, daqueles que deliciosamente nos rouba o coração à primeira troca de olhares. Foi para nossa casa ainda a beber leite, adaptou-se bem e como era louco por bolas ganhou o nome da vedeta nacional e passou a chamar-se Figo Manuel. Eu reclamei, adorava o filme "O Gato que veio de espaço" e queria que ele se chamasse cósmico. Mas o bicho não largava a bola e não mostrava qualquer interesse pelo espaço sideral e assim lá tive de aceitar que o meu irmão peludo se chamasse Figo. É um senhor gato, ainda hoje com 19 anos feitos é um senhor gato, já não tem os 12 quilos de outrora, naquela altura em que a vizinha tinha um cão que ao vê-lo nunca mais quis sair de casa. O Figo nunca foi um animal de estimação, foi e é o meu irmão peludo, viveu connosco as alegrias e as tristezas, as ausências, as perdas, o luto. É um sobrevivente, seguro de si, meigo, inteligente, há quem diga que só lhe falta falar, mas acho que só nunca o fez porque arranjou sempre maneira de nos dizer o que queria sem precisar de falar. Quando a minha mãe partiu sentiu-lhe a falta como nós. Nunca recuperou da sua ausência como nós, ainda hoje se deita aos pés da cama, no mesmo sitio de sempre, e quando a porta se abre vem rapidamente ver se é ela, não disfarçando o desapontamento por não ser. O meu irmão peludo.
Hoje a casa é partilhada com a Sky, uma gata branca e surda com manias de vedeta, que tanto me apaixona como desespera. Uma gata que é amor e ciúme, sossego e fúria, calma e inquietação. Uma caçadora que observa e age. Uma guardiã de espíritos, uma condutora de almas. Sempre alerta, sempre próxima, sempre connosco. A Sky é a minha primeira gata, provavelmente a última, é-me amor felino, interesseiro e racional, é-me instinto e prazer, é-me companhia na noite, é-me carinho de dia. A Sky é dona da casa e permite-nos que co-habitemos com ela. A Sky é, talvez, exactamente como eu seria se nascesse gata.
terça-feira, julho 16, 2019
ECLIPSE
No silêncio cúmplice da noite
Altiva no céu, tão majestosa
O astro redondo, esburacado
Alma que grita silenciosa!
Luz do sol distante te ilumina
Vestida de prata estás vaidosa
Um sorriso alegre de menina
A maré que sobe caprichosa
Acerca-se hoje do teu ventre
Uma sombra que não permanece
É como um convite que diz "Entre"
E no ponto alto acontece
Não há nada que nos desconcentre
Um abraço e a noite desvanece.
quarta-feira, junho 26, 2019
A chuva de Junho
Chove em Junho
As sardinhas estão na brasa
Mas apetece-me castanhas
Chove em Junho
Na praia vou ao mar
Com duche antes e depois
Chove em Junho
Na Polónia estão 40 graus
Aqui está frio...
E chove em Junho!
As sardinhas estão na brasa
Mas apetece-me castanhas
Chove em Junho
Na praia vou ao mar
Com duche antes e depois
Chove em Junho
Na Polónia estão 40 graus
Aqui está frio...
E chove em Junho!
sábado, março 30, 2019
Entre os Flamingos
Entre os Flamingos
Pernas compridas imensas
Um rubor de inocência
Um vermelho de desejo
A elegância de um estar
A saudade da ausência
A promessa de um beijo
As asas ameaçam voar
Desvendando a natureza
E inventando caminhos
Na loucura de te amar
Quase tive a certeza
Que te vi entre os flamingos!
quinta-feira, março 21, 2019
Escrevi-te um poema na Lua
Foi na suave luz da Lua
Que te escrevi um poema
Que falava em ver-te nua
E tinha O AMOR por tema
Entre sonhos e desejos
Esse poema escrevi
Enfeitei-o com uns beijos
Que eu recebi de ti
No momento em que te vi
Cativaste o meu olhar
E tudo eu faço por ti
Numa história de encantar
Hoje sei que descobri
O que quer dizer AMAR!
Sumo de Laranja - 1988
quinta-feira, janeiro 24, 2019
Desprendo-me
Desprendo-me de ti
como uma gota de orvalho
que nas manhãs cálidas de Primavera
cessa a sua existência
Num último passeio
pelo teu corpo
nascido nos teus olhos
sou brilho e inocência
Deslizo suavemente
nos cantos da tua boca
pelo teu pescoço
sem urgência
Depois, atrevido, passeio
inquieto e gaiato
na curva lisa do teu seio
ah... impaciência
Fugindo
na esquina dos rins
Sou tentação
que imprudência.
Ah... por montes
e vales secretos
Eu me passeio
com a tua conivência
Das coxas para os joelhos
Das pernas para os pés
Sou gota que perde
Eficiência
E no fim, já cansado
vejo surgir nos teus olhos
uma outra gota
com a mesma transparência
Há agora no chão molhado
O que resta da fragrância
Há quem lhe chame amor
Eu chamo-lhe: resiliência!
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