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sábado, agosto 17, 2019

Apeteceste-me


Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje apeteceste-me tanto tanto!