Apeteceste-me hoje tanto tanto que o dia se arrastou sem
oriente nem norte que a vida me negou um flamejo de sorte e me deu um murro no
estômago desenhando impossíveis nas margem do meu caderno onde escrevo
devagarinho o desejo eterno por satisfazer por te ver por te sentir por te ter
por te desenhar a ponta do nariz com a minha língua por sublinhar com os meus
dedos as duas curvas dos teus segredos os altos e visíveis e os outros ainda
mais secretos e mais impossíveis e no meio de tanto me apeteceres tive sede de
ti e de mim de um cocktail mágico fluído nacarado embutido vertido e convertido
que na língua se pendura que na boca perdura que no nariz se demora e nunca nos
deixa nunca se vai embora e caí no chão chorando a saudade que me afoga sem me
matar que a saudade nunca se mata mas mata-nos sempre e no meio do choro solto
e da melodia tardia do meu pranto só me apetecia dizer-te em agonia que hoje
apeteceste-me tanto tanto!
2 comentários:
Enorme.
Magnífico
Enviar um comentário