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sábado, novembro 14, 2020

A Queda de Quedas

 

Tenho uma profunda admiração por Samuel Quedas desde muito cedo, talvez seja dos primeiros nomes que me lembro de ouvir na rádio e tínhamos os discos dele todos lá em casa. Homem de esquerda e revolucionário, poeta, cantante, pelo mundo fora...
Tive o privilégio de o conhecer pessoalmente há uns 6 anos, num encontro sobre o 25 de Abril na escola onde a sua neta Júlia andava. Ficámos amigos no facebook desde aí e tenho acompanhado as suas publicações e fico contente dele manter viva a ideologia que sempre o definiu. Hoje publiquei uma frase que é um alerta porque à sombra da COVID estão a matar-nos a Democracia.
Porque estão a tirar-nos a liberdade individual sem que isso tenha efeitos reais sobre a diminuição do número de contágios.
Porque a opção foi pela economia e não pelo controlo da pandemia, mas continua-se a fazer uma propaganda como se não tivesse sido.
Porque já se retirou o sábado de dia de descanso e obrigam-se trabalhadores a compensar os feriados da semana trabalhando ao sábado.
Porque a FCT não teve reforço nenhum para as bolsas de investigação em ciência tendo financiado apenas 5% dos projectos aprovados.
Porque o dinheiro que veio para reforçar a economia e o SNS em recursos humanos e materiais vai ser entregue aos bancos e obras inúteis como a linha de TGV. Equanto o SNS continua a dar resposta ao impossível com o esforço sobrehumano do pessoal de saúde! 
Porque enquando estamos todos distraídos com a pandemia na AR está em marcha com uma revisão constitucional que dificilmente trará mais justiça social.

Eu tenho consciência do terrível que é esta pandemia, já perdi gente devido a ela! Não nego a pandemia, como alguns leram no meu post, alerto para que não fiquemos cegos ao que está a acontecer..

Apesar destas evidencias todas, Samuel Quedas, leu no meu post qualquer coisa que o chocou muito e bloqueou-me. Tenho pena e não tenho, porque o Samuel Quedas que eu admiro era um homem que argumentava e ouvia, era um homem que não se deixava enganar por propaganda, o Samuel Quedas que me bloqueou mostra que a intolerância é uma nódoa que cai no melhor pano. Resta-me a esperança que quando Cantava Gedeão soubesse pelo menos ler o que estava escrito no poema!



segunda-feira, novembro 09, 2020

Ah, Liberdade!

Ah, Liberdade!

 

Lutas, sangue, ossos,

Pulhas, bufos, tortura

Há um grito nas gargantas

Abaixo a Ditadura. 

 

Abriu a porta ao amigo

Uma carta de Castelo de Vide

E ainda nessa noite

Veio buscá-lo a PIDE

 

Palavras, dores e sofrimento. 

Uma família destruída

A mãe não tem que comer

Ao pai tiraram-lhe a vida.

 

Nau dos corvos, camionete

Um murmúrio, desalento. 

Um forte de pedra, encardida

Fustigado por mar e vento. 

 

Na hora da visita

Há um guarda subornado

E até a cor vermelho 

Passou a ser encarnado

 

Que esse tempo de vergonha

Fique nos manuais

Para que a nossa Liberdade 

Não nos roubem: Nunca Mais! 


Alexandre, 25 de Abril de 1979