Algures na Arábia, um mestre e o seu discípulo caminhavam em passo lento por um terraço, a meio da noite.
De súbito, o discípulo diz a meia voz:
- Que silêncio...
- Não digas: «Que silêncio» - aconselhou o mestre - Diz: «Não oiço nada».
(História Árabe)
Dedico esta história ao Pedro, e aos seus 16 anos de curiosidade cientifica. Estive este sábado à noite meditando com ele sobre o silêncio, e sobre as pessoas estarem preparadas ou não para o silêncio. Este tema perturba-me sempre, pois como sou um fanático da comunicação, tirando o recolhimento individual, o silêncio em conjunto parece-me sempre um desperdício da oportunidade sublime de comunicar. Como diz Jacinto Lucas Pires na sua peça "Universos e Frigoríficos": o silêncio só é onde há ruído, senão nem silêncio pode ser!
Havia um poeta popular que gritava: se eu depois de morto vou em silêncio, então que fale agora enquanto a vida mo permite!
É assim que eu vejo o mundo ao meu redor, um mundo que não está em silêncio, mas dele não oiço nada!
3 comentários:
Há silêncios dos quais gosto muito, outros, nem por isso...ao contrário de ti, eu oiço do mundo só o que quero ouvir; asseguro-te... ainda restam muitas coisas no mundo que valem a pena ser escutadas! Beijos -:)
Fui ver ao dicionário.
Silêncio:falta de ruído
Acho que não pode haver silêncio onde nunca ouve ruído.
Sempre me fez impressão não ouvir nada, e ainda é pior se está escuro, parece que tudo desapareceu e que estamos completamente sós. Gosto de estar sozinha (às vezes), mas não gosto da ideia de ficar completamente só. (Joana)
o silêncio é de facto, a ausência de ruído, só existe por oposição a ele. Apesar de também eu ser grande fâ da arte de comunicar, ao longo dos últimos anos aprendi que o silêncio permite-nos observar e pensar com mais cuidado, ganhar uma perpectiva diferente, mais neutra e madura. Além disso, aprendi que o silêncio é para muitas culturas, como é o caso dos finlandeses, parte da comunicação e não um momento constrangedor. Temos muito a aprender.
Bjs
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