Abriu-se em mim um vazio
que nada pode preencher.
Um arrepio de frio
que corta até doer.
Não tem nome
nem memória
não tem passado
nem história.
Não tem luz
não tem futuro
é buraco e é muro.
É pedra tumular
é uma vida a passar
é a lembrança esquecida
é uma perda de vida.
quarta-feira, novembro 28, 2007
quarta-feira, novembro 21, 2007
Memória
Nas noites de verão sentava-me com o meu avô, naquela pedra lisa que havia no largo. E ele ía-me dizendo o nome das estrelas, que eram muito mais que alguma vez eu imaginara em Lisboa. A mesma pedra onde a minha avó afiava as facas com que cortava com mestria a cabeça às galinhas. Ainda os vejo muitas vezes na minha memória de menino. Era uma aldeia parada no tempo, uma lição de força, coragem, de sobrevivência na adversidade. Nunca vi um mapa, por mais detalhado que dessa aldeia mostrasse o nome. Mas o meu pai ensinou-me a descobrir o ponto onde a estrada nacional cruzava a ribeira do Alvito, e dizia-me apontando o dedo com a voz embargada numa emoção que me arrepiava: é aqui o Casal da Ribeira.
retirada do site http://casaldaribeira.com.sapo.pt/
Eis que dou com o nome da aldeia do meu pai nas noticias. Parece que uma barragem a ser construida no Programa Nacional de Barragens com Elevado Potêncial Hidroeléctrico vai beneficiar aquela zona. O que as lágrimas dos aldeões não conseguiram fazer faz a barragem. Encontrei um site em que se pode espreitar para aquele vale, e um texto sentido de quem vê as suas origens e as suas lembranças a serem afogadas a bem do progresso. Não há gravuras que salvem esta aldeia, é mais uma a juntar à Aldeia da Luz e ao Vilarinho das Furnas e a tantas outras, resta-nos a esperança de que a memória não morra. Mas morre a esperança de um dia eu me sentar na mesma pedra e dizer ao meu neto onde ficam as Ursas e o Sete Estrela.
retirada do site http://casaldaribeira.com.sapo.pt/
Eis que dou com o nome da aldeia do meu pai nas noticias. Parece que uma barragem a ser construida no Programa Nacional de Barragens com Elevado Potêncial Hidroeléctrico vai beneficiar aquela zona. O que as lágrimas dos aldeões não conseguiram fazer faz a barragem. Encontrei um site em que se pode espreitar para aquele vale, e um texto sentido de quem vê as suas origens e as suas lembranças a serem afogadas a bem do progresso. Não há gravuras que salvem esta aldeia, é mais uma a juntar à Aldeia da Luz e ao Vilarinho das Furnas e a tantas outras, resta-nos a esperança de que a memória não morra. Mas morre a esperança de um dia eu me sentar na mesma pedra e dizer ao meu neto onde ficam as Ursas e o Sete Estrela.
quarta-feira, novembro 07, 2007
Mais uma vez... até quando?
"An 18-year-old man has opened fire at a high school in southern Finland, killing eight people, after a video was posted on YouTube predicting a school massacre."
Com uma arma na mão
é heroi, rei, campeão
é cowboy e justiceiro
é Lucky Luke certeiro
é Batman e é Popeye
e é mais homem que o seu pai
É uma juventude inteira
a fazer uma brincadeira
de um filme sem fantasia
que assusta, angustia
É a pura da loucura
é a puta da loucura
são os sinais do tempo
as cabeças cheias de vento
são morangos com açucar
é trocar tudo por dinheiro
o virtual por verdadeiro
é julgar que faz "reset"
ou rebobina a k7
mas a vida é uma só
e quem morto volta a pó
neste tempo é chorado
e apenas pela familia
é volta e meia lembrado
A memória colectiva
é um monstro amnésico
esquece tudo
e o espaço cénico
de uma escola
é o reino da pistola
Os professores são para abater
a malta tem de morrer
para mostrar que é sublime
que não se deixa vencer
pela merda que o oprime
entra pelo portão
com a pistola na mão
já não há nada que o perturbe
até anunciou no youtube
tudo o que ía fazer
E pronto:
é disparar e morrer!
sexta-feira, novembro 02, 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)