Sabes, Lua?
Há quem te veja uma rocha fria
No céu estrelado.
O pálido reflexo do astro rei.
Planeta anão subjugado
Preso em gravidade de tal lei.
Há quem te veja como
A mãe dos bichos
A quem à noite choram os animais
Lacrimejantes olhares em ti fixos
Ignorando que tu, Lua, és muito mais.
Tens no ventre uma brasa imensa
O branco não é mais que liquefeito
néctar de amor que cai no peito
Do amante que soltou vontade intensa
Corpo Lua que ama e não pensa.
Como és fiel amante minha
Todas as noites visitas o meu céu,
Egoísta sou se pensar que tinha
Todo o teu amor devoto ao meu.
Não és de ninguém, formosa Lua
És mulher amante em fogo cru
Sem pudor no céu passeias nua
Visitando em sonhos meu corpo nu.
Tal como o peito de mulher
Frio ao olhar, ao toque quente
Quem um dia ousar te tocar
Nos dedos sentirá como és ardente.
E os poetas que sabem como és
Desejam descobrir esse calor
Colocam humildemente a teus pés
As mais belas palavras de amor!