Quantos bares ficam ainda por navegar
neste cinzento molhe de onde partes
Recolhe-te hoje o Caronte
na sua barca das Artes
Levas o grito na garganta
um canto com harmonia
Levas o peito liberto
da terminal agonia
As Tágides levam-te ao largo
em nós deixas a lembrança
de um acordeão que toca
enquanto o cantor dança.
O músico tem a alma por fora
do corpo que os pais lhes emprestam
E na suprema composição
deixam-nos presos à saudade
enquanto por fim se libertam.
A João Aguardela (1969/2009)
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