terça-feira, abril 28, 2009
EXAGEROS - Mário Henrique Leiria
Mário Viegas in Palavras Ditas
EXAGEROS
O Alfredo atirou o jornal ao chão,
irritadíssimo, e virou-se para mim:
- Estes jornalistas! Passam a vida a
inventar coisas, é o que te digo. Então não
afirmam que, no Sardoal, foi encontrado um frango com três pernas!
Vê lá tu! É preciso ter descaramento.
Ajeitou-se melhor no sofá e, realmente indignado, coçou a tromba
com a pata do meio.
In Contos do Gin Tonic de Mário Henrique Leiria
segunda-feira, abril 27, 2009
Sabes-me
A tua boca soube-me a melância
E a sede urgente do meu desejo
Saciou-se no gosto desse beijo
A tua boca soube-me a canela
Naquele outro beijo dado a medo
Sabe-me a canela o teu segredo
A tua boca sabe-me a pimenta
Com a lingua entre os dentes de marfim
Melancia, canela e depois... sabe a mim!
Cadáver Esquisito
Um lápis de carvão riscou na folha branca um risco azul intenso e frio e o menino que vestiu o bibe foi professor dos mais velhos e dos pais deles, o país em que moravam era turvo como as borboletas que nem são brancas nem amarelas e o pai pô-lo de castigo, não que ele merecesse, mas era para o seu bem e tal seria o procedimento adequado para um cadáver morto que tinha automatizado uma escrita adormecida há muitos anos mas que desperta cedo e depois anda o dia todo a falar mal dos engenheiros e a ouvir as canções dos xutos e pontapés na bola e o Cristiano Ronaldo e o resto dos brasileiros já não vamos á África do Sul, e eu até queria conhecer Durban, li um livro dele uma vez, mas ele só tem um livro digno desse nome, porque o desassossego tem esses a mais para ser um livro, de crianças como os de banda desenhada que também pode ser Manga, a manga é uma fruta que vem da mangueira que por sua vez serve para regar o próprio Jardim uma espécie de auto-suficiencia muito apregoada que ele defende mas não abdica dos privilégios da Madeira, que está cada vez mais cara e está a ser substituída por aparite e aglomerados que é uma espécie de trabalho de Penélope porque é voltar a colar o que se esteve a esmilhafrar anteriormente, era tudo mais barato, sobretudo quando pagávamos em escudos, ou contos, não percebi bem se a moeda antiga era o escudo ou o conto, porque toda a gente que fala do tempo do escudo apresenta o resultado em contos. Temos de ser tratados... com urgência.
domingo, abril 26, 2009
Se me deres
Se me deres um olhar serei visível
se me deres um sorriso terei amor
Se me me deres o teu sonho
serei contigo um sonhador
Se lavrares em palavras
uma seara de trigo louro,
serei tecelão de um poema
numa manta azul e ouro.
Se me deres a luz vencerei a noite
No teu ombro aquecerei a madrugada
Guardas na boca a onda
que desmaia ansiosa na areia parda
E sem nada que me dês
resta-me a esperança...
Eu sou homem por fora,
por dentro sou criança!
se me deres um sorriso terei amor
Se me me deres o teu sonho
serei contigo um sonhador
Se lavrares em palavras
uma seara de trigo louro,
serei tecelão de um poema
numa manta azul e ouro.
Se me deres a luz vencerei a noite
No teu ombro aquecerei a madrugada
Guardas na boca a onda
que desmaia ansiosa na areia parda
E sem nada que me dês
resta-me a esperança...
Eu sou homem por fora,
por dentro sou criança!
terça-feira, abril 21, 2009
A fronteira não é um traço no chão
Separa o monte, o rio, a escarpa,
separa o homem, a ideia, a nação
separa o rico do pobre,
não é um traço no chão.
Separa, o jovem dos outros,
separa irmão de irmão,
separa marido e mulher,
não é um traço no chão.
Separa a terra do mar,
é no horizonte divisão,
separa isto daquilo,
não é um traço no chão.
Separa o Outono do Inverno,
a Primavera do Verão,
separa o Amor de tudo o o resto,
E não é um traço no chão!
separa o homem, a ideia, a nação
separa o rico do pobre,
não é um traço no chão.
Separa, o jovem dos outros,
separa irmão de irmão,
separa marido e mulher,
não é um traço no chão.
Separa a terra do mar,
é no horizonte divisão,
separa isto daquilo,
não é um traço no chão.
Separa o Outono do Inverno,
a Primavera do Verão,
separa o Amor de tudo o o resto,
E não é um traço no chão!
quinta-feira, abril 02, 2009
Aos solavancos
Dizem os da ciência,
do alto do seu saber,
com um discurso distante.
Que a Terra corre constante!
A Terra,
planeta dos meus encantos,
redonda de quatro cantos,
não avança certinha
mas sim aos solavancos.
E tenho a certeza do que digo,
e acho que o posso provar,
basta-me estar contigo
para a sentir... como digo?
para a sentir... solavancar!
Às vezes corre ligeira.
como um coelho com pressa,
e eu vejo-a passar.
Mas bastou-me olhar para ti,
e nesse momento eu senti,
a Terra inteira a parar!
do alto do seu saber,
com um discurso distante.
Que a Terra corre constante!
A Terra,
planeta dos meus encantos,
redonda de quatro cantos,
não avança certinha
mas sim aos solavancos.
E tenho a certeza do que digo,
e acho que o posso provar,
basta-me estar contigo
para a sentir... como digo?
para a sentir... solavancar!
Às vezes corre ligeira.
como um coelho com pressa,
e eu vejo-a passar.
Mas bastou-me olhar para ti,
e nesse momento eu senti,
a Terra inteira a parar!
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