segunda-feira, maio 03, 2010
O Fazedor de Chuva
Estava quente,
As gotas de suor corriam-te salgadas pela face
Essa tez de algodão macio e doce chocolate.
E nas tuas mãos o ferro quente, em brasa
Um movimente insistente numa ruga que não passa.
E eu, do outro lado do vidro, mirava-te
Com aquele sorriso patético que fazem os felizes.
A ayahuasca vibrou em mim, como um brado de clarim.
E de repente senti nas mãos um relâmpago que me atravessou
O coração, e na voz um grito de trovão que saiu mudo e sufocado,
Negro asfalto, passeio calcinado.
E quando, finalmente, saíste, para sanar esse calor,
Olhei para o céu e fiz chover.
Sentindo as grossas gotas que te cobriram,
Aproximei-me de ti e. olhando-te nos olhos, toquei ao de leve
Na madeixa negra dos teus cabelos molhados.
E os meus dedos transformaram-se, por magia,
na carícia suave de um desejo que fica sempre por satisfazer.
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1 comentário:
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