Cheguei sem me anunciar,
e morri à entrada do pórtico.
Levaram-me no enxurro as barcas
fendidas.
E tu, deste-me de beber
mas não me saciaste.
Profanei a vieira escondida no cálice
e o meu castigo foi pior que a morte.
A noite não tem plural.
quinta da regaleira (Sintra) foto de Pedro Prats
segunda-feira, outubro 20, 2008
Lua (a Catarina Chaves)
Escuro veludo preto
véu da noite infinita
silêncio corpo mulher
olhar mudo que grita.
Negra saia pesada
lavrando o lado do peito
arado rasgando a terra
num movimento perfeito.
O suor denuncia o teu esforço
molha o teu camiseiro
no teu ventre fecundo
corre um rio inteiro.
Por fora a negra mulher
que se veste e actua.
Dentro de ti está a estrela
que brilha mais do que a Lua.
véu da noite infinita
silêncio corpo mulher
olhar mudo que grita.
Negra saia pesada
lavrando o lado do peito
arado rasgando a terra
num movimento perfeito.
O suor denuncia o teu esforço
molha o teu camiseiro
no teu ventre fecundo
corre um rio inteiro.
Por fora a negra mulher
que se veste e actua.
Dentro de ti está a estrela
que brilha mais do que a Lua.
sábado, outubro 04, 2008
Há momentos que são para sempre
Podíamos falar das mãos,
que acariciam e amam.
Podíamos falar dos olhos
que no silêncio cúmplice
a sua energia emanam.
Podíamos falar das coxas
longas, e bem torneadas.
Podíamos falar das bocas
num milhão de beijos seladas.
Podíamos trocar de cheiros,
de pele, de sentir, de ser.
Podemos não falar desse momento,
mas não o podemos esquecer.
que acariciam e amam.
Podíamos falar dos olhos
que no silêncio cúmplice
a sua energia emanam.
Podíamos falar das coxas
longas, e bem torneadas.
Podíamos falar das bocas
num milhão de beijos seladas.
Podíamos trocar de cheiros,
de pele, de sentir, de ser.
Podemos não falar desse momento,
mas não o podemos esquecer.
quinta-feira, outubro 02, 2008
O erro de Pandora
E de mansinho vou descobrindo
pelos teus gestos e silêncios
o que as palavras não dizem.
Aprendo a conhecer os teus cheiros,
a profundidade do teu olhar,
e os segredos que proteges.
O teu baú secreto,
que desejo ver aberto,
mas tal intento demora.
Teus olhos o meu alento,
o meu maior tormento
o teu erro de Pandora.
pelos teus gestos e silêncios
o que as palavras não dizem.
Aprendo a conhecer os teus cheiros,
a profundidade do teu olhar,
e os segredos que proteges.
O teu baú secreto,
que desejo ver aberto,
mas tal intento demora.
Teus olhos o meu alento,
o meu maior tormento
o teu erro de Pandora.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Curiosidade divina
Não é uma comédia de Dante
É a curiosidade constante
de quem tudo quer saber
Que compromete a existência
tudo em nome da ciência
e nem se importa de morrer
Fez um buraco no chão
pôs à roda um protão
que com outro vai colidir
Curiosidade sem perigo:
Teria Eva um umbigo?
Isso queria eu descobrir!
É a curiosidade constante
de quem tudo quer saber
Que compromete a existência
tudo em nome da ciência
e nem se importa de morrer
Fez um buraco no chão
pôs à roda um protão
que com outro vai colidir
Curiosidade sem perigo:
Teria Eva um umbigo?
Isso queria eu descobrir!
domingo, setembro 21, 2008
O Bonzão do Higgs
Tenham cuidado amigos
com o que querem saber
sem avaliar os perigos
do que pode acontecer
Façam chocar os protões
até ficarem partidinhos
ou fazem o papel de Deus
ou vão todos prós anjinhos
Eis que me apresento,
nesta altura de tormento
em que querem por-me a nu.
Se não fosse eu um Bonzão,
para que me deixassem da mão,
dava-vos um chuto no cu!
com o que querem saber
sem avaliar os perigos
do que pode acontecer
Façam chocar os protões
até ficarem partidinhos
ou fazem o papel de Deus
ou vão todos prós anjinhos
Eis que me apresento,
nesta altura de tormento
em que querem por-me a nu.
Se não fosse eu um Bonzão,
para que me deixassem da mão,
dava-vos um chuto no cu!
Big Bang (agora é que é...)
Dizem que chamar ao princípio de tudo "BIG BANG" é um exagero de linguagem, pois não houve nenhuma explosão. Agora sim, corremos o risco de ter o BIGGEST BANG jamais imaginado. O que houve no princípio do tempo foi uma expansão do espaço, um alastrar da energia e mais tarde da matéria ocupando o vazio. Impelidos pela força escura do universo, pequeníssimas partículas criaram o que existe, absolutamente tudo.
Há quem diga que esta experiência de simulação do BIG BANG pelo CERN é de um risco terrível. pois mexe com forças que podem estar fora do nosso controlo. Estaremos à beira de atingir aquele momento supremo em que descobrimos que a curiosidade matou o gato?
Há quem diga que esta experiência de simulação do BIG BANG pelo CERN é de um risco terrível. pois mexe com forças que podem estar fora do nosso controlo. Estaremos à beira de atingir aquele momento supremo em que descobrimos que a curiosidade matou o gato?
sexta-feira, setembro 19, 2008
Não há ondas no teu mar
Não faças poemas rumorosos
com metáforas refinadas
de ondas cinzeladas
e acácias de papel.
Não inventes cores e tempestades
nem aves azuis de saudades
que tu pretendias ter.
Se escreveres, escreve a calmía
de um vento que nada bule
sem uma gota agitar,
porque eu vi, no fundo dos teus olhos,
que não há ondas no teu mar.
com metáforas refinadas
de ondas cinzeladas
e acácias de papel.
Não inventes cores e tempestades
nem aves azuis de saudades
que tu pretendias ter.
Se escreveres, escreve a calmía
de um vento que nada bule
sem uma gota agitar,
porque eu vi, no fundo dos teus olhos,
que não há ondas no teu mar.
segunda-feira, setembro 15, 2008
O Amor não se faz na carne
Não vos podem tirar de mim
deste pacto de sangue e alma que nos liga
fui pai de coração
não fui mãe de barriga
mas o amor não se faz na carne.
Plantei em vós sementes
de sonhos que queria ter,
recebi de vós os frutos
frescos, doces, maduros
que nunca sonhei colher.
Hoje há pontes criadas
espaços no meu coração
poemas que se escrevem sozinhos
quadros pintados à mão.
Não há limites para o sonho
estando juntos a sonhar.
Podem querer que nos afastemos
mas nós não vamos deixar!
Quadros, fotos, poemas,
futebol e carrocel...
E todo o mundo que nasce
de uma folha de papel.
Guardo na escrivaninha
um molho dos vossos papeis,
e gostava que soubessem
que gosto de vós... pincéis!
deste pacto de sangue e alma que nos liga
fui pai de coração
não fui mãe de barriga
mas o amor não se faz na carne.
Plantei em vós sementes
de sonhos que queria ter,
recebi de vós os frutos
frescos, doces, maduros
que nunca sonhei colher.
Hoje há pontes criadas
espaços no meu coração
poemas que se escrevem sozinhos
quadros pintados à mão.
Não há limites para o sonho
estando juntos a sonhar.
Podem querer que nos afastemos
mas nós não vamos deixar!
Quadros, fotos, poemas,
futebol e carrocel...
E todo o mundo que nasce
de uma folha de papel.
Guardo na escrivaninha
um molho dos vossos papeis,
e gostava que soubessem
que gosto de vós... pincéis!
Aos meus queridos pincéis
quarta-feira, setembro 10, 2008
A sucessão dos momentos
Nem madrugadas
nem amanhecer
nem demorados banhos quentes
de espumas cúmplices
e fragrâncias orientais.
Apenas corpos e olhos
e palavras.
Muitas palavras
desenhadas com as mãos
com os pés
e com o coração.
Trocadas com a boca
com a língua,
temperadas de saliva
de lágrimas
de sentimentos.
Todo o amor
se constrói
na sucessão dos momentos.
nem amanhecer
nem demorados banhos quentes
de espumas cúmplices
e fragrâncias orientais.
Apenas corpos e olhos
e palavras.
Muitas palavras
desenhadas com as mãos
com os pés
e com o coração.
Trocadas com a boca
com a língua,
temperadas de saliva
de lágrimas
de sentimentos.
Todo o amor
se constrói
na sucessão dos momentos.
Feliz aniversário
terça-feira, setembro 02, 2008
Nau
Simples nuvem se desprende
dos olhos que correm livres
entre os escolhos enternos
do pensamento.
Construí do nada,
do Ás de Paus, da carta marcada
o envelope que te enviei.
Soerguido na espuma das ondas
apaga-se tudo de mau.
Eu sou rei, tu és nau.
dos olhos que correm livres
entre os escolhos enternos
do pensamento.
Construí do nada,
do Ás de Paus, da carta marcada
o envelope que te enviei.
Soerguido na espuma das ondas
apaga-se tudo de mau.
Eu sou rei, tu és nau.
quinta-feira, agosto 21, 2008
Quase te sinto o cheiro
És enorme e escura
és fria e dura
e ninguém sabe os limites da tua crueldade
És filha da ambição
és mãe da desolação
e és em tudo contrária à liberdade
Neste tempo sem Deus nem amor,
de violência e futuro incerto,
nunca a Europa te teve tão perto.
Petróleo, corrupção e dinheiro...
Estás lá longe, na Georgia
e eu quase te sinto o cheiro.
és fria e dura
e ninguém sabe os limites da tua crueldade
És filha da ambição
és mãe da desolação
e és em tudo contrária à liberdade
Neste tempo sem Deus nem amor,
de violência e futuro incerto,
nunca a Europa te teve tão perto.
Petróleo, corrupção e dinheiro...
Estás lá longe, na Georgia
e eu quase te sinto o cheiro.
terça-feira, julho 29, 2008
Aniversário do poeta Joaquim Sustelo
O poeta estava no alto do monte
de onde ele estava
via o horizonte,
via o caminho que tinha percorrido
e o que ainda lhe faltava percorrer.
Tinha ao seu lado a poesia
e na mão o cajado da alegria de viver.
Num brado forte gritou ao vento
palavras que ele escreveu
quebrado, por fim, o silêncio
a terra tremeu.
de onde ele estava
via o horizonte,
via o caminho que tinha percorrido
e o que ainda lhe faltava percorrer.
Tinha ao seu lado a poesia
e na mão o cajado da alegria de viver.
Num brado forte gritou ao vento
palavras que ele escreveu
quebrado, por fim, o silêncio
a terra tremeu.
Ser professor
Para mim um professor é como um atleta que participa numa estafeta, tendo-se apercebido que não terminará a corrida sozinho faz o seu melhor para passar o testemunho às gerações seguintes.
quinta-feira, julho 24, 2008
quarta-feira, julho 23, 2008
Relva
terça-feira, julho 22, 2008
Tempo
Cada segundo sem se comunicar é um segundo sem viver.
O tempo é, sumariamente, aquilo que fazemos dele.
Não há nada de mais precioso a dar a alguém que o nosso tempo.
Admiro e invejo todos aqueles que conseguem lidar bem com o seu tempo.
É que eu, por minha desgraça, não consigo.
O tempo é, sumariamente, aquilo que fazemos dele.
Não há nada de mais precioso a dar a alguém que o nosso tempo.
Admiro e invejo todos aqueles que conseguem lidar bem com o seu tempo.
É que eu, por minha desgraça, não consigo.
terça-feira, julho 15, 2008
A Torre Invertida
Foto: Dias dos Reis
Visitei a tua torre invertida
a que leva ao fundo de ti
com curiosidade fui descendo
desvendando a sinuosidade
dos caminhos
a humidade das paredes
a profundidade do teu ser.
Na tua torre invertida
morrer para renascer.
quarta-feira, julho 09, 2008
Vontade
Pendular
Tique taque tique taque
à hora marcada
o comboio partiu
Como um animal
um silvo emitiu
Acelerou na linha
o quanto podia
cá fora o motor
forte rugia
Sentada à janela
a ler descansada
olhar distante
pose relaxada
e a composição
esse monstro enorme
comia quilómetros
saciando a fome
Havia crianças
num reboliço
e um tipo saloio
que cheirava a chouriço
Havia meninas
com óculos escuros
e homens de fato
com ar de duros
Havia poetas
procurando a rima
Um rapaz olhava
uma corada menina
Na curva da linha
o comboio agita
e a velha que dorme
acorda e grita
Corado arfando
o velho galifão
olhos esbugalhados
sofre do coração
Chegou um surfista
com um ar de Apolo
e logo um maricas
sentou-se-lhe ao colo
E o comboio parou
ao chegar ao fim
saíste dali
sem olhar pra mim
Mas se hoje ao deitar
tiveres a cama fria
liga ao rapaz do pendular
para te fazer companhia
O fado do circo
Vinde todos ver
meninos e meninas
velhotes e reformados
gente de qualquer idade
o grande circo chegou
à cidade
Camioes e jaulas
tendas e atrelados
Carroças e cavalos
gastos de tantas viagens
politicos que falam verdade
e outros animais selvagens
Tinham um macaco azul
um papagaio cantor
tinham uma mulher barbuda
Que agora se despediu,
depois de ouvir que na América
houve um homem que pariu
Trapesistas domadores
Cobras ursos e leoes
Cavalos de piacadeiro
Tudo animais ensinados
são espelho dos portugueses
que estão todos amestrados
Este circo resiste
contra toda a adversidade
é que nos tempos que correm
dá mais show a realidade
E a gente leva na boa
a crise como se diz
E eu só para disfarçar
Faço de palhaço feliz
meninos e meninas
velhotes e reformados
gente de qualquer idade
o grande circo chegou
à cidade
Camioes e jaulas
tendas e atrelados
Carroças e cavalos
gastos de tantas viagens
politicos que falam verdade
e outros animais selvagens
Tinham um macaco azul
um papagaio cantor
tinham uma mulher barbuda
Que agora se despediu,
depois de ouvir que na América
houve um homem que pariu
Trapesistas domadores
Cobras ursos e leoes
Cavalos de piacadeiro
Tudo animais ensinados
são espelho dos portugueses
que estão todos amestrados
Este circo resiste
contra toda a adversidade
é que nos tempos que correm
dá mais show a realidade
E a gente leva na boa
a crise como se diz
E eu só para disfarçar
Faço de palhaço feliz
Valsa
Um dois três
um dois três
dança comigo aqui
num salão cheio
de luzes
eu perdido em ti
no olhar com que seduzes
Do outro lado da sala
há inveja e burburinho
enquanto a dança
embala, o compasso
bate certinho
Borboleta de cores
de azul tu estas vestida
queria que esta dança
durasse toda a minha vida.
um dois três
dança comigo aqui
num salão cheio
de luzes
eu perdido em ti
no olhar com que seduzes
Do outro lado da sala
há inveja e burburinho
enquanto a dança
embala, o compasso
bate certinho
Borboleta de cores
de azul tu estas vestida
queria que esta dança
durasse toda a minha vida.
terça-feira, julho 08, 2008
Ventre
Esse teu ventre é terra
é solidez de alicerce
é um lago viçoso
onde a vida nasce e cresce
é um segredo guardado
fora do alcance da mão
e quando é representado
tem forma de coração
esse ventre é um poema
um quadro vivo,
uma canção.
Nesse ventre começa,
nesse ventre termina
todo o amor e paixão.
é solidez de alicerce
é um lago viçoso
onde a vida nasce e cresce
é um segredo guardado
fora do alcance da mão
e quando é representado
tem forma de coração
esse ventre é um poema
um quadro vivo,
uma canção.
Nesse ventre começa,
nesse ventre termina
todo o amor e paixão.
quinta-feira, julho 03, 2008
Lenga lenga
15 chefes numa canoa
o primeiro saiu em Lisboa
14 chefes numa falua
o segundo subiu da terra prá lua
13 chefes numa embarcação
o terceiro saiu no porto de Olhão
12 chefes num caíque
O quarto fugiu prás bandas de Ourique
11 chefes num moliceiro
O quinto pescava na ria de Aveiro
10 chefes num barco rabelo
O sexto no Douro nadou em pêlo
9 chefes numa chata antiga
O sétimo sofria de dores de barriga
8 chefes numa traineira
O oitavo nascera na Ericeira
7 chefes num barquinho fixe
O nono tinha uma casa em Peniche
6 chefes num navio cargueiro
O décimo morava no Carvoeiro
5 chefes num barquinho á vela
O décimo primeiro era uma mulher bela
4 chefes num rebocador
O décimo segundo sofria de amor
3 chefes num bote a remos
O décimo terceiro era primo do Lemos
2 chefes numa gaivota
O décimo quarto casou com uma prima torta
1 chefe numa bóia encarnada
O décimo quinto não se lembrava de nada
o primeiro saiu em Lisboa
14 chefes numa falua
o segundo subiu da terra prá lua
13 chefes numa embarcação
o terceiro saiu no porto de Olhão
12 chefes num caíque
O quarto fugiu prás bandas de Ourique
11 chefes num moliceiro
O quinto pescava na ria de Aveiro
10 chefes num barco rabelo
O sexto no Douro nadou em pêlo
9 chefes numa chata antiga
O sétimo sofria de dores de barriga
8 chefes numa traineira
O oitavo nascera na Ericeira
7 chefes num barquinho fixe
O nono tinha uma casa em Peniche
6 chefes num navio cargueiro
O décimo morava no Carvoeiro
5 chefes num barquinho á vela
O décimo primeiro era uma mulher bela
4 chefes num rebocador
O décimo segundo sofria de amor
3 chefes num bote a remos
O décimo terceiro era primo do Lemos
2 chefes numa gaivota
O décimo quarto casou com uma prima torta
1 chefe numa bóia encarnada
O décimo quinto não se lembrava de nada
segunda-feira, junho 30, 2008
Um conto Zen
Numa tarde de um inverno muito frio, estavam os disciplos fechados numa sala, quando entra o mestre vindo da rua.
- Por favor Mestre - disseram os disciplos - feche a porta, está muito frio lá fora.
- Se eu fechar a porta deixará de estar tanto frio lá fora? - perguntou o mestre.
- Por favor Mestre - disseram os disciplos - feche a porta, está muito frio lá fora.
- Se eu fechar a porta deixará de estar tanto frio lá fora? - perguntou o mestre.
quarta-feira, junho 25, 2008
Bebe-me
bebe-me mesmo que não tenhas sede
e o teu deserto seja um oceano de águas doces
frescas e límpidas como os teus olhos
bebe com esses lábios de menina
puros intocados,
bebe-me enquanto vagueio louco,
pelo vale encantado dos teus segredos,
e rasgo os véus do silêncio e do medo,
e me dissolvo em ti.
e o teu deserto seja um oceano de águas doces
frescas e límpidas como os teus olhos
bebe com esses lábios de menina
puros intocados,
bebe-me enquanto vagueio louco,
pelo vale encantado dos teus segredos,
e rasgo os véus do silêncio e do medo,
e me dissolvo em ti.
segunda-feira, junho 23, 2008
Ao coiro pouco infantil de Santo Amaro de Oeiras
Porrada no areal
Porrada no areal
Porrada no areal para todos nós
Porrada no areal para todos nós
No areal pela manhã
vêem-se os tipos chegar
E há uma grande tensão no ar
No areal pela manhã
de diversos países
rapazes e raparigas, felizes
Dão passeios pela praia
descalços ou em chinelas
pra mostrar as suas damas, tão belas
Depois a dança da roda
há porrada com as mãos
é assim que malta vive, irmãos
Se o arrastão fosse verdade
assim como estes tirinhos
não precisavam os meninos, de roubar
Porrada no areal
Porrada no areal
Porrada no areal para todos nós
Porrada no areal para todos nós
Porrada no areal
Porrada no areal para todos nós
Porrada no areal para todos nós
No areal pela manhã
vêem-se os tipos chegar
E há uma grande tensão no ar
No areal pela manhã
de diversos países
rapazes e raparigas, felizes
Dão passeios pela praia
descalços ou em chinelas
pra mostrar as suas damas, tão belas
Depois a dança da roda
há porrada com as mãos
é assim que malta vive, irmãos
Se o arrastão fosse verdade
assim como estes tirinhos
não precisavam os meninos, de roubar
Porrada no areal
Porrada no areal
Porrada no areal para todos nós
Porrada no areal para todos nós
domingo, junho 22, 2008
Água em Marte
Notícia publicada no Público dá-nos a conhecer mais um avanço na missão Phoenix.
Sob a terra vermelha que cobria o solo, apareceu um objecto branco, do tamanho de um dado, que quatro dias depois de exposto já lá não estava.
Ser gelo é uma hipótese, um gelo de H2O é que me deixa um pouco incrédulo, uma vez que a temperatura máxima registada foi de -30ºC, E pelo que sei a essa temperatura o gelo não evapora... terá a atmosfera de Marte condições pata a sua sublimação?
Perguntam-me se se trata de uma tentativa desesperada de encontrar um planeta onde possamos viver depois de saber que a Mãe Terra está moribunda, acho que não. Ainda estamos muito longe da primeira viagem tripulada a Marte, e a muitos anos de uma colónia primitiva na superfície do planeta vermelho. O melhor, amigos, é investir na preservação deste planeta em que vivemos a começar pela água que desperdiçamos e no impacto negativo que podemos ter no ambiente local em que nos deslocamos.
Fico contente com as notícias deste progresso tecnológico, mas o que me faria feliz era a Phoenix enviar imagens do John Smith aproximando-se da câmara de vídeo e oferecer-se para partilhar da sua água... Grocaram?
quinta-feira, junho 12, 2008
quarta-feira, junho 11, 2008
Lição de amar
quinta-feira, junho 05, 2008
Queria dizer-te...
Queria dizer-te numa palavra
que inventasse no momento
aquilo que sinto por ti,
este estranho sentimento,
que sinto agora e nunca senti.
Queria dizer-te baixinho,
ao ouvido,
sussurrar-te enquando dormias,
um milhão de vezes e mais uma.
Queria dizer-te nos olhos,
sentado contigo
numa banheira de espuma.
Queria dizer-te,
mas queria sobretudo
que tu ouvisses.
que inventasse no momento
aquilo que sinto por ti,
este estranho sentimento,
que sinto agora e nunca senti.
Queria dizer-te baixinho,
ao ouvido,
sussurrar-te enquando dormias,
um milhão de vezes e mais uma.
Queria dizer-te nos olhos,
sentado contigo
numa banheira de espuma.
Queria dizer-te,
mas queria sobretudo
que tu ouvisses.
quarta-feira, maio 28, 2008
O Amor é como o Titanic
O Amor é como o Titanic,
só não tem quatro chaminés.
Tem uma tripulação de românticos,
um comandante adormecido,
e dança até lhe doer os pés.
Faz a viagem inaugural
com pompa e circunstância.
Navega mares desconhecidos
Enfrenta nos gelos os perigos
Para encurtar a distância.
O Amor é mais caloroso,
nele não há nada gelado.
Marca rotas e destinos
Fala em casamentos e meninos
não consegue estar calado.
Também faz arder o fogo,
Que que lhe alimenta o motor
Se o majestoso Titanic
Não evitou ir a pique,
Que esperança tem o amor?
só não tem quatro chaminés.
Tem uma tripulação de românticos,
um comandante adormecido,
e dança até lhe doer os pés.
Faz a viagem inaugural
com pompa e circunstância.
Navega mares desconhecidos
Enfrenta nos gelos os perigos
Para encurtar a distância.
O Amor é mais caloroso,
nele não há nada gelado.
Marca rotas e destinos
Fala em casamentos e meninos
não consegue estar calado.
Também faz arder o fogo,
Que que lhe alimenta o motor
Se o majestoso Titanic
Não evitou ir a pique,
Que esperança tem o amor?
O velho morreu
O velho morreu na cama do hospital
cercado de luz e desinfectantes,
médicos, enfermeiras,
palhaços e estudantes.
O velho morreu ali sozinho
tinha o nome na pulseira
que estava presa ao seu pulsinho.
E com tanta tecnologia,
que por lá havia,
o velho morreu de qualquer maneira.
Talvez preferisse morrer ao sol,
cavando batatas como em criança
tendo à sua frente uma terra de esperança
em vez de jazer assim num lençol.
O lençol é branco e carimbado,
e o velho fazia
num vaso cromado,
fazia e doía... raios partam a idade.
E o velho dormia
a enganar a verdade,
pensou que a morte o tinha esquecido,
tal era o efeito no velho juizo.
Mas quando a viu passar,
o velho... fixou nela o olhar
e fisgou-a com um sorriso.
cercado de luz e desinfectantes,
médicos, enfermeiras,
palhaços e estudantes.
O velho morreu ali sozinho
tinha o nome na pulseira
que estava presa ao seu pulsinho.
E com tanta tecnologia,
que por lá havia,
o velho morreu de qualquer maneira.
Talvez preferisse morrer ao sol,
cavando batatas como em criança
tendo à sua frente uma terra de esperança
em vez de jazer assim num lençol.
O lençol é branco e carimbado,
e o velho fazia
num vaso cromado,
fazia e doía... raios partam a idade.
E o velho dormia
a enganar a verdade,
pensou que a morte o tinha esquecido,
tal era o efeito no velho juizo.
Mas quando a viu passar,
o velho... fixou nela o olhar
e fisgou-a com um sorriso.
Orfeu
Orfeu que tocava lira
apaixonou-se por Eurídice,
que era uma menina gira
foi o que ele me disse.
A paixão é passageira
só o amor é eterno
Euridice arranjou maneira
de ir parar ao inferno
Orfeu foi lá buscá-la
tudo fez para o conseguir
O Hades ao entregá-la
Gritou-lhe: Hades cá vir!
Veja a história toda aqui
apaixonou-se por Eurídice,
que era uma menina gira
foi o que ele me disse.
A paixão é passageira
só o amor é eterno
Euridice arranjou maneira
de ir parar ao inferno
Orfeu foi lá buscá-la
tudo fez para o conseguir
O Hades ao entregá-la
Gritou-lhe: Hades cá vir!
Veja a história toda aqui
segunda-feira, maio 26, 2008
Pontos e linhas
Dot
Dot
Dot
Dash
Dash
Dash
Dot
Dot
Dot
Dash
Dash
Dash
Dot
Dot
Dot
Alemanha, dia 1 de Abril de 1905
Dot
Dot
Dash
Dash
Dash
Dot
Dot
Dot
Dash
Dash
Dash
Dot
Dot
Dot
Alemanha, dia 1 de Abril de 1905
domingo, maio 25, 2008
Meu Portugal
Tinha na mão uma rosa encarnada
Olhos de marinheiro envelhecido
De quem muitas lutas tinha vencido
De quem fez da vida uma longa estrada
Tinha nos cabelos o vento Norte
Tinha a sua frente o mar infinito
rasgou o véu do céu com alto grito
tremeu o mundo todo ao brado forte
Já foi grande majestoso e bonito
Hoje é sombra do que já foi um dia
De todo o bom que foi só sobra o mal
Deserto, estéril, pobre e maldito
um triste monstro em longa agonia
que fizeram de ti, meu Portugal?
Olhos de marinheiro envelhecido
De quem muitas lutas tinha vencido
De quem fez da vida uma longa estrada
Tinha nos cabelos o vento Norte
Tinha a sua frente o mar infinito
rasgou o véu do céu com alto grito
tremeu o mundo todo ao brado forte
Já foi grande majestoso e bonito
Hoje é sombra do que já foi um dia
De todo o bom que foi só sobra o mal
Deserto, estéril, pobre e maldito
um triste monstro em longa agonia
que fizeram de ti, meu Portugal?
sexta-feira, maio 23, 2008
Canção de embalar
Eu canto para que durmas pequenina
Eu canto para ti esta canção
olho esse rosto que me ensina
a ver a vida com o coração.
Canto para que a noite seja boa
canto baixinho para te acalmar
Toda esta paz e este silêncio
são uma melodia de embalar
Canto quando lá fora chove
Canto para ti com alegria
Quando os teus olhos se fecham
abrem portas ao sonho do novo dia
Agora que tu dormes em sossego
Eu vou saíndo de mansinho,
Deixo-te no teu aconchego,
e vou eu dormir no meu cantinho...
terça-feira, maio 20, 2008
Já não sei a que sabe a lua
Já não sei a que sabe a Lua,
lembro-me vagamente de a ter provado,
num olhar embevecido que trocámos no teu carro.
Lembro-me claramente que sabia
a qualquer coisa que eu conhecia,
qualquer coisa amarela,
ou castanha talvez fosse
era canela?
talvez fosse arroz doce...
Mas lembro-me de sentir que era molhado,
o gosto que da Lua em ti eu tinha provado,
vês como o tempo já passou?
Como pode alguém esquecer a que sabe a Lua?
Mas eu esqueci... e a culpa, é tua!
lembro-me vagamente de a ter provado,
num olhar embevecido que trocámos no teu carro.
Lembro-me claramente que sabia
a qualquer coisa que eu conhecia,
qualquer coisa amarela,
ou castanha talvez fosse
era canela?
talvez fosse arroz doce...
Mas lembro-me de sentir que era molhado,
o gosto que da Lua em ti eu tinha provado,
vês como o tempo já passou?
Como pode alguém esquecer a que sabe a Lua?
Mas eu esqueci... e a culpa, é tua!
Vertigem
Ainda ontem caí aqui
de um balão,
Caí da Lua,
bati no chão,
fiz um poema,
uma criança,
uma menina,
para o seu irmão.
Caí de pé,
como um pinheiro,
eu não sou rico
não tenho dinheiro,
mas tenho vida,
um coração,
tenho sonhos novos,
fechados na mão.
Tenho um país
ao qual pertenço,
tenho ideias,
sei o que penso,
mas não consigo
é ser feliz,
fecho os olhos,
ao que se diz.
Busco o silêncio
na rua escura,
faço de conta,
vivo a loucura.
Pelas esquinas
passo apressado,
vejo as meninas,
fico excitado.
De coxas fartas,
cinturas finas,
meias de renda,
mostram maminhas,
estou a ficar velho,
vai-se o tesão,
e ainda ontem,
vivia a paixão
Passa-se o tempo
os anos me atingem,
caio de novo,
nesta vertigem,
Depois da Lua,
de onde vim,
vou cair na rua,
quando for o fim.
Alexandre de Oliveira (Na Queda de Cyrano)
de um balão,
Caí da Lua,
bati no chão,
fiz um poema,
uma criança,
uma menina,
para o seu irmão.
Caí de pé,
como um pinheiro,
eu não sou rico
não tenho dinheiro,
mas tenho vida,
um coração,
tenho sonhos novos,
fechados na mão.
Tenho um país
ao qual pertenço,
tenho ideias,
sei o que penso,
mas não consigo
é ser feliz,
fecho os olhos,
ao que se diz.
Busco o silêncio
na rua escura,
faço de conta,
vivo a loucura.
Pelas esquinas
passo apressado,
vejo as meninas,
fico excitado.
De coxas fartas,
cinturas finas,
meias de renda,
mostram maminhas,
estou a ficar velho,
vai-se o tesão,
e ainda ontem,
vivia a paixão
Passa-se o tempo
os anos me atingem,
caio de novo,
nesta vertigem,
Depois da Lua,
de onde vim,
vou cair na rua,
quando for o fim.
Alexandre de Oliveira (Na Queda de Cyrano)
sexta-feira, maio 16, 2008
A Chama
Quem acendeu a vela que trazias,
que te iluminava o olhar
e te fazia sorrir perante a vida?
Quem te deu essa chama,
que aquece quem te conhece,
e encheu os teus filhos de vida?
Quem te deixou usar a chama,
te convenceu que era tua
que te deixou partilhá-la?
E num momento sem sentido
a tomou de volta
e decidiu apagá-la?
O único conforto que tens,
agora que não tens chama,
é sentir o calor dela,
em toda a gente que te ama...
que te iluminava o olhar
e te fazia sorrir perante a vida?
Quem te deu essa chama,
que aquece quem te conhece,
e encheu os teus filhos de vida?
Quem te deixou usar a chama,
te convenceu que era tua
que te deixou partilhá-la?
E num momento sem sentido
a tomou de volta
e decidiu apagá-la?
O único conforto que tens,
agora que não tens chama,
é sentir o calor dela,
em toda a gente que te ama...
domingo, maio 11, 2008
Areal
Chega-te a mim com a tua boca
chega-te a mim com o teu sorriso
chega-te a mim,
eu não quero, mas preciso.
Preciso de ti, do teu olhar,
do sorriso desses lábios,
e do profundo do teu mar.
Foge de mim menina,
corre pelos campos fora,
foge da loucura do momento
e do desejo que nos devora.
Se te entregas em meus braços,
se me sacias de beijos,
acrescenta-se o fermento
que nos activa os ensejos.
Menina no areal,
vais brincando vais correndo,
e eu olhando-te de longe,
sinto a ternura crescendo!
O jogo das damas
Preto e branco
lado a lado
num tabuleiro deitado
mexe foge
mexe foge
mexe foge até mais não
comer... deixar-se comer
tempo, pausa,
decisão
come uma
come outra
vai andando até ao fim
mas só se faz uma dama
com outra em cima de mim.
lado a lado
num tabuleiro deitado
mexe foge
mexe foge
mexe foge até mais não
comer... deixar-se comer
tempo, pausa,
decisão
come uma
come outra
vai andando até ao fim
mas só se faz uma dama
com outra em cima de mim.
quinta-feira, maio 08, 2008
Receita para uma sopa de peixe (picante)
Não se esqueça de sair cedo.
Pesque o peixe,compre a massa,
o tomate, a cebola, o tomilho,
uns pézinhos de salsa,
louro sem pau que o pau faz mal ao coração,
uma pitadinha de salva,
coentros e açafrão.
Coloque tudo numa panela,
se não tiver tacho,
ter tacho é sempre preferível,
pelo menos eu acho.
Quando o peixe estiver de barriga
vire-o ao contrário,
examine-lhe bem os olhos,
a boca, se tem aspecto ordinário,
e por fim o rabo, que nestes belos animais
se chamam "barbatanas caudais"
verifique o vermelho das guelras,
não se esqueça do picante --- Nota, isto é importante!!
Coloque tudo a ferver a começar pela cebola,
mas antes disso deite:
no fundo do tacho um fio de azeite,
Agora sim a cebola.
Espere que fique loura,
ponha a folhinha de louro,
pra lhe fazer companhia,
Ahh! E um dente de alho,
quase que já me esquecia.
Espere que refogue, se for do sul,
ou que estruja o estrujido,
palavra mais forte,usada no norte.
E quando estiver tudo lourinho,
pegue no picante e ponha um bocadinho --- Nota, isto é importante!
Ponha a cenoura e os tomates,
e um raminho de coentrão,
é que ao contrario de outros pratos,
aqui os tomates entram... (pausa drámatica)
Na refogada tomatada,
ponha os lombos da pescada,
Mas se a pesca foi do baril,
use antes. que fica melhor,
uns cubinhos de tamboril.
Ponha um pouco de vinho,
sal a gosto e especiarias,
Esprema a velha aguardente,
das garrafas meio vazias,
Espere que a fervura levante...
Quando estiver bem fervido
ponha um pouco de picante --- Nota, isto é importante!
Sirva tudo bem quentinho,
em prato fundo e com colher,
um garrafa de vinho,
e uma bonita mulher.
Coma sem fazer barulho,
tente não salpicar tudo,
Se não tiver mais conversa,
lance aquele olhar mudo!
À sobremesa morangos, acompanhados de espumante.
E no resto da noite ponha um pouco de picante --- Nota, isto é que é importante!
Pesque o peixe,compre a massa,
o tomate, a cebola, o tomilho,
uns pézinhos de salsa,
louro sem pau que o pau faz mal ao coração,
uma pitadinha de salva,
coentros e açafrão.
Coloque tudo numa panela,
se não tiver tacho,
ter tacho é sempre preferível,
pelo menos eu acho.
Quando o peixe estiver de barriga
vire-o ao contrário,
examine-lhe bem os olhos,
a boca, se tem aspecto ordinário,
e por fim o rabo, que nestes belos animais
se chamam "barbatanas caudais"
verifique o vermelho das guelras,
não se esqueça do picante --- Nota, isto é importante!!
Coloque tudo a ferver a começar pela cebola,
mas antes disso deite:
no fundo do tacho um fio de azeite,
Agora sim a cebola.
Espere que fique loura,
ponha a folhinha de louro,
pra lhe fazer companhia,
Ahh! E um dente de alho,
quase que já me esquecia.
Espere que refogue, se for do sul,
ou que estruja o estrujido,
palavra mais forte,usada no norte.
E quando estiver tudo lourinho,
pegue no picante e ponha um bocadinho --- Nota, isto é importante!
Ponha a cenoura e os tomates,
e um raminho de coentrão,
é que ao contrario de outros pratos,
aqui os tomates entram... (pausa drámatica)
Na refogada tomatada,
ponha os lombos da pescada,
Mas se a pesca foi do baril,
use antes. que fica melhor,
uns cubinhos de tamboril.
Ponha um pouco de vinho,
sal a gosto e especiarias,
Esprema a velha aguardente,
das garrafas meio vazias,
Espere que a fervura levante...
Quando estiver bem fervido
ponha um pouco de picante --- Nota, isto é importante!
Sirva tudo bem quentinho,
em prato fundo e com colher,
um garrafa de vinho,
e uma bonita mulher.
Coma sem fazer barulho,
tente não salpicar tudo,
Se não tiver mais conversa,
lance aquele olhar mudo!
À sobremesa morangos, acompanhados de espumante.
E no resto da noite ponha um pouco de picante --- Nota, isto é que é importante!
quarta-feira, maio 07, 2008
O Desejo
Ela disse-me: O teu desejo...
Mas não me disse qual era,
desejo a paz no mundo,
um belo dia de sol,
ter o jantar à minha espera.
Desejo ver Portugal
com titulo de campeão,
desejo ter um bom futuro
jogar nos concursos todos
e ganhar um dinheirão.
Desejo esquecer-me do mau,
desejo lembrar-me do bom,
Ser lembrados pelos amigos
Desejo saber dançar
E cantar sem saír do tom.
Desejo que todos se animem
Desejo que todos se amem,
Desejo que sejam felizes.
Desejo que a Triumph
continue a surpreender
Com a escolha das actrizes.
Mas qual seria o desejo
por trás de tão aventureira,
insinuante, atrevida e provocante
pergunta que eu lhe fiz:
"A sopa de peixe estava picante"?
E chegou-lhe a mostarda ao nariz.
Mas não me disse qual era,
desejo a paz no mundo,
um belo dia de sol,
ter o jantar à minha espera.
Desejo ver Portugal
com titulo de campeão,
desejo ter um bom futuro
jogar nos concursos todos
e ganhar um dinheirão.
Desejo esquecer-me do mau,
desejo lembrar-me do bom,
Ser lembrados pelos amigos
Desejo saber dançar
E cantar sem saír do tom.
Desejo que todos se animem
Desejo que todos se amem,
Desejo que sejam felizes.
Desejo que a Triumph
continue a surpreender
Com a escolha das actrizes.
Mas qual seria o desejo
por trás de tão aventureira,
insinuante, atrevida e provocante
pergunta que eu lhe fiz:
"A sopa de peixe estava picante"?
E chegou-lhe a mostarda ao nariz.
domingo, maio 04, 2008
A minha canção da primavera
Doce rasgo nessa carne a que pertenço
Como um rio desaguo no teu mar
O passado não é mais que uma história
Que um dia os poetas vão cantar
Lábios, asas, a soprar sobre as colinas
Ventos quentes num país de liberdade
O sol rasga pelas frestas das cortinas
Pinceladas de amor e de verdade
E lá fora há o riso das crianças
Flores do campo em silvestre animação
Ancorado neste teu porto de abrigo
Sou maestro, sou batuta, sou canção
E na pauta dançam notas e poemas
Olhos doces vertem mel de mansinho
As nuvens enchem os rios e as represas
A Primavera ensina a todos o caminho.
Como um rio desaguo no teu mar
O passado não é mais que uma história
Que um dia os poetas vão cantar
Lábios, asas, a soprar sobre as colinas
Ventos quentes num país de liberdade
O sol rasga pelas frestas das cortinas
Pinceladas de amor e de verdade
E lá fora há o riso das crianças
Flores do campo em silvestre animação
Ancorado neste teu porto de abrigo
Sou maestro, sou batuta, sou canção
E na pauta dançam notas e poemas
Olhos doces vertem mel de mansinho
As nuvens enchem os rios e as represas
A Primavera ensina a todos o caminho.
sábado, maio 03, 2008
Adão e Eva
Adão e Eva eram dois
Ele era moreno e ela loira.
Tinham pouca roupa que não compravam em lojas de marca.
Adão ia trabalhar todas as manhãs numa mercearia,
mas o patrão não o deixava aproximar das maçãs
com medo que ele se engasgasse.
Eva ia à manicure que tinha uma serpente como bicho de estimação.
Um dia a serpente subiu-lhe por entre a folhagem e encheu Eva de veneno.
À noitinha, depois da sopa, Eva serviu-lhe uma gelatina de maçã
e Adão ficou com o caroço entalado.
E, a partir daí, passou a usar gravata para ninguém notar.
Ele era moreno e ela loira.
Tinham pouca roupa que não compravam em lojas de marca.
Adão ia trabalhar todas as manhãs numa mercearia,
mas o patrão não o deixava aproximar das maçãs
com medo que ele se engasgasse.
Eva ia à manicure que tinha uma serpente como bicho de estimação.
Um dia a serpente subiu-lhe por entre a folhagem e encheu Eva de veneno.
À noitinha, depois da sopa, Eva serviu-lhe uma gelatina de maçã
e Adão ficou com o caroço entalado.
E, a partir daí, passou a usar gravata para ninguém notar.
quarta-feira, abril 30, 2008
Confesso
"Tenho um enorme prazer em despir-te,
não tenho qualquer pressa em te ver nua"
Amo mais o caminho que a chegada
Amo o prato até o servir
o cozinhado até o provar
Amo a terra de onde nasce a árvore
e mais a árvore que o fruto,
prefiro colhê-lo que degustá-lo,
e degustá-lo que espremê-lo.
Amo a roupa que trazes vestida,
quero removê-la peça a peça,
no prazer de te despir,
mas tu nunca ficas nua
antes que eu adormeça.
não tenho qualquer pressa em te ver nua"
Amo mais o caminho que a chegada
Amo o prato até o servir
o cozinhado até o provar
Amo a terra de onde nasce a árvore
e mais a árvore que o fruto,
prefiro colhê-lo que degustá-lo,
e degustá-lo que espremê-lo.
Amo a roupa que trazes vestida,
quero removê-la peça a peça,
no prazer de te despir,
mas tu nunca ficas nua
antes que eu adormeça.
domingo, abril 27, 2008
Furtivo
Rápido, incontrolável, nocivo.
Paciente, impaciente, passivo.
Olhos, toque, louco, activo.
Beijo, nua, boca, tua, furtivo.
Paciente, impaciente, passivo.
Olhos, toque, louco, activo.
Beijo, nua, boca, tua, furtivo.
sexta-feira, abril 25, 2008
quarta-feira, abril 16, 2008
Sou narcisista
Sou feio
tenho umas orelhas feias
sardas pelo corpo todo
até na ponta do... nariz.
Tenho o cabelo revolto
já tenho o esqueleto solto
sou mais branco que o giz.
Mas gosto de ser assim,
gosto de como vivo,
gosto de como penso,
ou seja: gosto de mim.
Há quem me chame Narciso
mas está bem enganado
é que eu tenho mais juizo
e em vez de usar o lago
vejo-me antes ao espelho
e se me lograr cair,
vou cair do outro lado.
tenho umas orelhas feias
sardas pelo corpo todo
até na ponta do... nariz.
Tenho o cabelo revolto
já tenho o esqueleto solto
sou mais branco que o giz.
Mas gosto de ser assim,
gosto de como vivo,
gosto de como penso,
ou seja: gosto de mim.
Há quem me chame Narciso
mas está bem enganado
é que eu tenho mais juizo
e em vez de usar o lago
vejo-me antes ao espelho
e se me lograr cair,
vou cair do outro lado.
segunda-feira, março 31, 2008
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Alice
Há um relógio sobre a mesa
em que o tempo parou.
Há vazios nesta casa
que Alice deixou.
Há lembranças da menina
que se tornou mulher.
Há histórias muito antigas
que não vamos esquecer.
Entrou por uma toca
foi atrás do coelho.
Descobriu um novo mundo
do outro lado do espelho.
Figuras bem simpáticas
sorriso e dentura
Chapeleiros mágicos
em completa loucura.
E uma dama de copas,
que a quer ver presa.
Tudo preocupado
em manter a cabeça.
Cores e fantasias,
no mundo de magia.
Aqui deste lado
lembro a sua alegria.
Alice...
O seu tempo parou.
Alice...
Que saudade deixou.
Alice...
Caminha pela estrada
de sorriso alegre
sempre muito animada.
E agora vai Alice,
no seu novo caminho.
Encontrou o companheiro,
que andava sozinho.
E os dois de braço dado
vão matando a saudade,
no País das Maravilhas
onde é tudo verdade.
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
Os 3 desejos
Pedi ao génio da lâmpada que me concedesse três desejos: que nunca te tivesse amado, que deixe de te amar hoje e que não te volte a amar.
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Perspectivas
Ah... era um chapéu...
Ah... era miudo e morreu.
E tu dizes-me que pense positivo,
pense na paz e não na guerra,
na vitória final e não na espera,
Na criança que ri e não na que berra.
Sou uma merda eu,
porque penso no puto que morreu.
E porque escrevo poemas,
e falo de certos temas,
sou tarado, sou o chifrudo,
estrago, dou cabo de tudo.
Sou acidente que se deu...
mas ainda penso no outro puto,
o que também morreu.
E tu vives com o santo,
com o anjo mais perfeito,
tem asinhas nas costas,
coração d'oiro no peito...
E eu que visto de negro,
sou avejão condenado
a, por muito que me esforce,
fazer sempre tudo errado.
Dizes que tu mudaste,
mas o mundo não mudou...
E depois há o outro puto...
o tal que os matou.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
You Are a Comma |
You are open minded and extremely optimistic. You enjoy almost all facets of life. You can find the good in almost anything. You keep yourself busy with tons of friends, activities, and interests. You find it hard to turn down an opportunity, even if you are pressed for time. Your friends find you fascinating, charming, and easy to talk to. (But with so many competing interests, you friends do feel like you hardly have time for them.) You excel in: Inspiring people You get along best with: The Question Mark |
terça-feira, fevereiro 05, 2008
Aos Moinhos de Vento de Odivelas
Scott Gustafson
Os moinhos que Quixote venceu
levantam-se de novo à minha frente.
Não sei se é devaneio ou sonho meu,
sei que ninguém os vê e há tanta gente.
Memórias de um passado cavaleiro,
poeta, sonhador e desgraçado.
Acompanhado pelo seu escudeiro,
um homem rude e simples mas honrado.
E eu, que não tenho lança nem escudo,
nem quixotes, nem elmos, nem viseiras,
tenho igual loucura, diferente em tudo.
Enfreto essas bestas arruaceiras,
de peito aberto e um forte grito mudo,
que as minhas ilusões são verdadeiras.
quarta-feira, janeiro 30, 2008
A morte saiu à rua
A Morte saiu à Rua - Zeca Afonso
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação.
Foto de William Klein(NY, 1954)
A morte saiu à rua uma noite passada
E dois corpos jovens tombaram
no meio de uma estrada.
Foi o ódio que os matou,
não a bala na cabeça,
antes de morrer já estavam mortos.
E quem os matou fomos nós.
Podem ter a certeza.
Osvaldo, Francisco e os sem nome,
nossos filhos ou do Patolas?
Em vez de serem míudos,
vendem droga, usam facas e matam com pistolas.
E é quase natural haver contas pra ajustar.
E o povo vai levando, com a brandura habitual,
é que a vida vale menos só por ser um marginal.
Deviam matar-se todos, grita o velho reformado
até ver que é o seu neto que jaz na estrada deitado.
É tudo um bando de pretos, que não querem trabalhar,
mas era um miudo branco que a policia foi buscar.
Era filho, era amigo, e escreveu o seu destino,
matou um do gangue rival, e ficou um assassino.
E na fuga em bando de putos, o novo heroi perfeito,
estica o braço a um amigo e acerta-lhe no peito.
Assaltam miudos do liceu, levam ténis telemoveis,
e coisas estranhas até.
Acabou com duas mortes, mas começou num boné!
E fechamos nós os olhos, enterramos a cabeça na areia
fechamos a boca, as janelas, as portas, pra não levar uma tareia.
Diz o poeta inglês: que a Sintra não damos valor,
pois é bem perto de Sintra, que se vive um tal horror.
Este lugar já não tem nome,
Já não é o meu país,
é uma replica pobre daquilo que eu nunca quis.
domingo, janeiro 20, 2008
Paradoxos
Mulher nuda
Essa mulher se despe à tua frente,
as roupas caídas no chão,
a pele morena, a boca quente.
Abraça-la no momento em que se entrega,
sem limites, sem guerra,
A paz total que o amor oferece
Enquanto a paixão não arrefece.
Ilumina-se o quarto com a luz da rua,
e os teus olhos deliram,
ante a magia dessa mulher nua.
sexta-feira, janeiro 18, 2008
Que amor não me engana - Zeca Afonso
Que amor não me engana
Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia
E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira
Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera
Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia
José Afonso
quinta-feira, janeiro 17, 2008
Por mais que se quebrem as pontes
Por mais que se quebrem as pontes
entre as duas margens do mesmo rio,
elas não deixarão de estar juntas,
mais não seja pelo próprio rio.
entre as duas margens do mesmo rio,
elas não deixarão de estar juntas,
mais não seja pelo próprio rio.
quarta-feira, janeiro 09, 2008
Beijo
Altos os saltos
São altos os saltos
as torres de marfim
tu lá em cima
eu cá em baixo
não te lembras de mim
Se esgotasse num grito
toda a força do peito
tu lá em cima
eu cá em baixo
sem ter qualquer efeito
Lanço a corda a escada
pra mais alto subir
tu lá em cima
eu cá em baixo
só me resta cair.
Se ganhasse um par de asas
se as soubesse usar
tu lá em cima
eu cá em baixo
ía até ti a voar.
as torres de marfim
tu lá em cima
eu cá em baixo
não te lembras de mim
Se esgotasse num grito
toda a força do peito
tu lá em cima
eu cá em baixo
sem ter qualquer efeito
Lanço a corda a escada
pra mais alto subir
tu lá em cima
eu cá em baixo
só me resta cair.
Se ganhasse um par de asas
se as soubesse usar
tu lá em cima
eu cá em baixo
ía até ti a voar.
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Balzaquiana
Perco-me no redondo das tuas formas,
na tua carne que me sacia,
no teu gesto que me guia,
ao mar da fecundidade.
Entre os teus seios leite e mel,
bebo-os de um só trago,
vem depois o gosto amargo,
da minha virilidade.
Na tua boca o beijo quente,
primeiro eu, depois nós
num momento estamos sós
noutra realidade.
Dormem os corpos cansados
do desejo satisfeito
colados peito no peito
entregues em felicidade.
na tua carne que me sacia,
no teu gesto que me guia,
ao mar da fecundidade.
Entre os teus seios leite e mel,
bebo-os de um só trago,
vem depois o gosto amargo,
da minha virilidade.
Na tua boca o beijo quente,
primeiro eu, depois nós
num momento estamos sós
noutra realidade.
Dormem os corpos cansados
do desejo satisfeito
colados peito no peito
entregues em felicidade.
domingo, janeiro 06, 2008
As Palavras Interditas (Eugénio de Andrade)
AS PALAVRAS INTERDITAS
Os navios existem e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.
Na areia branca, onde o tempo começa,
uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.
Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-te... E entram pela janela
as primeiras luzes das colinas.
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas minhas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
e estas mãos noturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
in «As palavras Interditas» (1951)
Linha da Costa
Eram ventos e chuvas
a fustigar o navio
no convés solitário
o marinheiro com frio
ergue os olhos ao céu
num grito silencioso
pede um porto-abrigo
onde achar algum repouso
E no meio do desespero
na noite mal iluminada
irregular linha da costa
por criança desenhada
Buscando acolhimeto
ruma à praia que vê
bate a barcaça na rocha
morreu, não soube porquê.
a fustigar o navio
no convés solitário
o marinheiro com frio
ergue os olhos ao céu
num grito silencioso
pede um porto-abrigo
onde achar algum repouso
E no meio do desespero
na noite mal iluminada
irregular linha da costa
por criança desenhada
Buscando acolhimeto
ruma à praia que vê
bate a barcaça na rocha
morreu, não soube porquê.
quinta-feira, janeiro 03, 2008
mil palavras em silêncio
Era silêncio e palavras
rodavam num turbilhão
cabeças embriagadas
perdidas e encontradas
no meio da emoção
O xadrez que eles jogavam
era um jogo secreto
palavras que eles trocavam
desejos que ocultavam
naquele ritmo incerto
Ela o cabelo soltou
mesmo antes de dormir
ele olhando ficou
e logo adivinhou
o que estava pra vir
Dois corpos no ar dançando
brandos gestos de ternura
braços que se vão tocando
bocas que se vão beijando
na sua doce loucura.
Subscrever:
Mensagens (Atom)